A CORAGEM NO ATO DE FILOSOFAR
O ato de filosofar sempre exige um admirável ímpeto de coragem e profundidade de espírito para não se conformar com as certezas mais suspeitas de nosso tempo e também para tecer valiosas reflexões sobre o mundo em que vivemos e sobre a nossa existência em face de suas antinomias, conflitos, lutas e embates. Essa prática é responsável por nos tornar mais sóbrios e, com os seus pequenos feixes de luz (que clareia um pouco mais a escuridão de nossa ignorância), nos ajuda a ir além das superficialidades do senso comum e nos desfazer das falsas verdades (ou sofismas) aceitas sem questionamento por todos. O questionamento filosófico é forte para desmoronar os grandes preconceitos vinculados socialmente; e quando é permeado de sinceridade, pode promover um bom discernimento para rompermos com as nossas próprias ideologias e míseras visões de mundo caso estas venham impedir que certas verdades se revelam em toda sua nitidez e clareza. Quem vive da reflexão filosófica, promovendo interpelações e diálogos, cujo compromisso é com a pureza da coerência e da veracidade, tem melhores condições de encontrar significados para a sua existência. A filosofia é a aventura do saber que nunca se detém em águas rasas; pelo contrário, é uma disposição que motiva o indivíduo a nadar até nas águas profundas em nome da originalidade e da autenticidade. Ela é, de fato, uma corajosa busca pelo sentido da vida que jamais se esgota. A disciplina filosófica é uma constante tentativa de um ser humano na obtenção de boas doses de sabedoria através do exercício do livre pensamento e de uma investigação cuidadosa no seu intento de ver sempre as coisas e os fenômenos tal como eles se mostram em toda sua riqueza, originalidade e verdade para uma consciência repleta de amor pelo conhecimento e pelo vasto universo do saber.