A DOR

A dor

Presente em todos os lugares, a dor faz-se companheira inseparável da criatura humana. Sob diversas denominações, surge inesperada ou prevista, deixando o traço indesejável de sua atuação nos sentimentos.

Na emoção é chamada de decepção, desencanto, mágoa.

No corpo recebe a alcunha de doença, paralisia, algia.

No raciocínio é definida como embotamento da razão, loucura, desequilíbrio.

Possui muitos nomes, atua de várias formas.

Onde chega, convocada pelas atitudes ou requisitada pela inércia, faz seu papel renovador, conclamando as criaturas a um novo pensar.

É a mesma nos vegetais, irracionais ou na criatura laureada pela razão plena, mas em cada um deles age de maneira diferente, possui finalidades próprias e desencadeia estímulos compatíveis com seu nível de evolução.

Detestada, buscam os seres pensantes em métodos que a evitem no seu mundo íntimo. Anestésicos, calmantes e ansiolíticos tornaram-se agentes inibidores da dor, buscando esvaziar sua atuação corporal ou minorar seus efeitos nas insondáveis questões psíquicas, que hoje tem caráter pandêmico entre as criaturas humanas.

Angústia, medo, fobias, transtornos do afeto ou da emotividade, ansiedade e depressão respondem por incontáveis dependentes de fármacos para se manterem na ativa, evitando quedas espetaculares no suicídio ou na perda total do sentido existencial.

Ferramenta da lei de evolução é acionada para correção de rumo e despertamento do psiquismo para estágios mais avançados da evolução. Se nos seres que estão em estágio inicial do progresso espiritual serve como estímulo ao acordar de potências latentes, no Espírito premiado pela razão possui finalidades várias, entre as quais a de despertar da letargia e da ilusão, projetando o ser nas trilhas no progresso olvidado.

O erro de ontem dispara os mecanismos de sua atuação no agora, mas Deus não trabalha com câmbio único, ofertando aos seus filhos as infinitas possibilidades do amor e do trabalho como recursos de resgate e reparação dos equívocos cometidos. Ignorados ou menosprezados, a dor faz-se mestra incansável, que repete a mesma lição mil vezes, sem cansar, até que o aprendiz a acrisole no educandário da alma.

O Sublime Terapeuta conviveu com toda sorte de homens e mulheres demoradamente visitados pela dor. Como bom pastor, sabia da história particular de cada ovelha doente e onde estavam as raízes malsãs de sua infelicidade de agora. A muitos, ofertou lenitivo. A alguns poucos, deu alforria por se enquadrarem na remissão de seus desconcertos pretéritos, mas a todos deixou a lição, por Ele vivida durante Seu calvário, de que será pela crucificação que o ser encontrará a cristificação. Afirmou-nos que no mundo somente teríamos aflições, mas que Ele venceu esse mundo e não no mundo por estar em irrestrita sintonia com o Pai, entendendo-lhe os desígnios e cumprindo Sua vontade.

Na crucificação, libertou-se do jugo da matéria que O revestia e alou-se aos altiplanos da vida sem dor, amando incondicionalmente.

Se constatas a companhia inseparável da mestra incansável ao teu lado, agradece o aguilhão que te visita em aperfeiçoamento. És devedor do ontem, em burilamento para o amanhã ditoso. Finda a dívida, cessam os momentos dolorosos, fruindo-se demorados estágios de plenitude e alegria que a vida material ainda não pode compreender.

Tem paciência e confia.

Nenhum fardo está ou foi confiado a ombros frágeis.

E quando te sentires tombar em plena marcha, articula mesmo entre lágrimas pungentes tua súplica a Deus, e Ele enviará o anjo da esperança que, em forma de uma falena de luz te secará o pranto, te restaurando as forças para prosseguires a caminhada em direção à grande luz.

Somente o amor é capaz de dissipar as dores que te lapidam as arestas morais, fazendo-te rutilante como o clarão das estrelas.

Ama e triunfarás sobre ti mesmo.

Marta

Juazeiro, 30.12.2020

Marta
Enviado por Jandi santos em 30/12/2020
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