Enfim, o fim

Diferentemente das poesias que costumo escrever, este escrito não passa de um desabafo. Esse ano aconteceu de tudo um pouco: me perdi, me reencontrei, quase dei adeus ao meu “eu”, e iniciei a terapia.

O mais importante para mim foi passar meses em análise com uma mulher que aguça todos os meus instintos sexuais. Ela é irresistivelmente um desejo que sequer chegarei perto de sucumbir, mas, ao mesmo tempo, me faz ter uma fé em mim mesma que eu jamais imaginei que poderia existir. Em algum momento, parei de olhar minha analista com os olhos de alguém que adoraria devorá-la.

Hoje, 28/12/20, estou em meio a um pequeno vazio que não me incomoda. Penso sobre a sucessão de merdas e glórias que vivi do primeiro dia do ano até aqui. Acho que posso dizer que sou uma sobrevivente.

Infelizmente, tive que abrir mão de pessoas que eu amava e tinha tanto carinho porque de uma forma tão grotesca me machucaram e, por alguma ironia fugaz, acreditam veementemente que me feriram para compensar o desafeto que se criou entre nós. O engraçado nisso tudo é que não sinto qualquer mágoa ou rancor, apenas lembro todos os dias desses machucados que se cicatrizaram em mim, desejando nunca os repetir a outrem. Não consigo me enxergar mais nesses espaços...

E poxa, terminarei esse ano sem o amor que me arrebatou, mas que fora reduzido a nada em nome de uma lamentação infantil e idealizada que não se cumpriu. Sinto como se pela primeira vez, em 25 anos, eu não fosse perdurar meus sentimentos sob um sofrimento eterno e morto, contudo, entristece-me saber que por mais esforços e cuidados que doei a alguém, este não soube ser grato ou entender o propósito em termos nos encontrado. Lamentável!

Mas, conforta-me ter retornado à minha origem particular e deixado ir quem nunca soube como ficar. Agora sim posso dizer a esta infeliz sonhadora: baby, au revoir.

Penso muito que meu tempo no Brasil está acabando. Sinto no mais íntimo do meu ser que algo novo e muito grande está por vir. Acho que posso dizer: Ei! Pode vir porque estou aqui!

Adeus, 2020! Que 2021 traga-me o que nunca experimentei!

alesnav
Enviado por alesnav em 28/12/2020
Código do texto: T7145669
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