Faxina interior

Aprendi a não ter mais medo do escuro... dentro da nossa escuridão é que podemos nos reconstruir...

É onde eu me encontro com o silêncio mais profundo e necessário pra refletir...

Lá eu organizo minhas gavetas, separo em cada caixa os assuntos que eu preciso resolver...

Tenho calma e tranquilidade pra arrumar as prateleiras das minhas emoções, sempre tão bagunçadas... tumultuadas...

É lá que eu me encontro com os meus monstros, até sirvo um chá pra gente conversar... até eles precisam desabafar...

Enquanto isso vou tirando a poeira acumulada da prateleira das boas lembranças, onde ficam os momentos memoráveis que tantas vezes esquecemos de lembrar...

Lá eu tenho tempo pra me conhecer novamente, pois me tornei uma pessoa diferente do que eu fui tempos atrás...

Os acontecimentos vão nos transformando aos poucos e nem percebemos... sem querer nos perdemos...

As decepções ficam empilhadas, o que é ruim porque acabam desequilibrado a nossa vida... atrapalhando a caminhada...

Sem notar colecionamos tantas impressões sobre as pessoas, sobre as relações, sobre as situações...

E vemos que não existe tanta importância hoje, dessas coisas que no passado tanto nos machucou...

No fundo existe uma caixa fechada, embrulhada no papel do esquecimento, que não é sempre que temos coragem de abrir, lá estão guardados alguns sentimentos que tivemos por pessoas especiais... Mas que por alguma razão, não foram aceitos... é a caixa da devolução... onde amores lindos foram desperdiçados...

Pegamos de volta e guardamos pra nós... por ter neles um valor inestimável que o outro não soube ver...

Tem uma gaveta sempre bagunçada, onde ficam os risos por motivos bobos, as vezes em que a gente foi feliz sem nenhuma preocupação... não tem porque de jogar fora tantas alegrias...

No alto tem um compartimento onde fica uma garrafa de cristal, onde acumulei minhas lágrimas, por todos os motivos que a vida me deu... deixo lá por ser um lugar difícil de alcançar... os motivos que fizeram elas cair, eu não gosto nem de lembrar...

Vou ajeitando as minhas coisas...vou limpando a mente e o coração...

Tem uma caixa bonita, cheia de flores na tampa, que eu deixo sempre à mão...

É onde eu guardo os bons momentos vividos, onde fica a saudade e lá ficam vivas as emoções...

Ao abrir sinto o perfume de alguém, de um momento, de um bolo de aniversário...

É bom sentir tudo isso...

Nem tudo foi perdido...

É bom limpar nosso armário...

Abrir as gavetas do tempo...

Ajeitar tudo ao contrário..

Jogar fora tudo que deixou de ser importante, abrir espaço pra caber mais coisas boas, mais lembranças felizes, mais amores e mais amigos...

Depois de tudo arrumado, podemos seguir nosso caminho, com mais compreensão do que nos tornamos...

Aprendemos a nos olhar com mais carinho...

E recomeçar devagarinho...

Levando a certeza de que somos valiosos demais pra ser deixados jogados num canto...

E seguir sem olhar pra trás...

Lu!z@

Lia Rowlands
Enviado por Lia Rowlands em 27/12/2020
Código do texto: T7145244
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