ERA NATAL
Anoiteceu. Rodei a chave e entrei numa casa fria, numa cama vazia, num mundo de sombras como um gato faminto que arranhava na porta para entrar. Descalço e nu deixei o leite gelado no prato. Era o que havia. Quando voltei bati o dedo na perna da cadeira e disse todas as asneiras que aprendi. A dor passou, o gato saciado, subiu pela colcha de renda e ficou no melhor pedaço da manta. O lençol gravou o bordado na minha coxa. O sol furou pela cortina e encheu o meu rosto do novo dia. Era Natal.