Sublima à falta

Criando exponho

Não é um ato tão solidário

Nem tampouco a mais pura satisfação

É, de fato, delinear

O quê?

O intangível que sempre se fez presente

Mas não me organiza

Nem confere um substituto

Não sinto assim

Mas sou criador?

O que há de arte em concatenar palavras?

Muitas vezes desconexas

Empobrecidas

Catarse?

Não, definitivamente nada tem a ver com descarga

Não de afeto

A angústia é material de elaboração

Não energia que se esvai

É preciso tê-la

Usá-la

matéria prima, insumo

Só assim eu sumo

Da agonia que ao mesmo tempo que assusta traz potência

De vida ou de morte?

Já não sei

Porque sempre colocar polos opostos?

Na vida prevalece o entrelace

Abraão Rodrigues
Enviado por Abraão Rodrigues em 26/12/2020
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