Navegante
As respostas vão se revelando e me revelando - descobrindo o mundo e se incorporando em meu ser. E junto com elas, buscam-me perguntas que me impulsionam ao movimento, abrindo-me...
Vejo com clareza: o útero, a escolha pela segurança, a criança que bebe da impotência e olha o mundo pelo vidro - presa em si mesma.
Vejo também, embaixo da terra, a velha. Ela se encolhe com o peso da vida, vestida com a frustração e é nutrida com a amargura dos dias. Espera, anseia...por sua fiel companheira, a morte.
E enxergo ainda outra, no meio do caminho - que é o presente. Aquela que já não é semente ou flor seca - é, ainda, primavera. Tem a potência da própria vida e pode ir além do erro e para fora do buraco do fracasso: para o aprendizado, pode se acolher e escolher novos rumos e formas - de fazer, de escutar, de enxergar. Pode testar e tentar maneiras de ocupar o mundo e de contribuir com ele e seus seres. Aquela que é água corrente, chama, vento e terra. É feita de sonhos, ideais, dores, flores. É a pausa e o movimento. A morte e a vida de mãos entrelaçadas. É parte memórias e parte de histórias - e o que ainda está por vir. É o voo, o encontro, o todo. É o ar que inspira, as estrelas que a inspiram e o mar que expira a vida. É o agora. É o sentido criado nos passos e o amor sentido nessa caminhada que é a vida.
É ela, o elo - entre a criança e a velha, entre o nascimento e a morte, entre o início e o fim. É a liberdade com suas asas de água no florescer da vida.
É tempo de acreditar, confiar na minha força e na do outro e trilhar meu caminho - navegar-me.