Então é Natal! Que seja cheio de paz...
Todos sorriem, abraçam-se, beijam-se, matam a saudade que sentiram ao longo de todo um ano, contam as novidades, confessam quais são os planos para o futuro, choram pelas dores da vida, alegram-se em conjunto pelos prazeres que puderam ser desfrutados, relembram histórias daqueles que partiram e não estão mais presentes na noite tão especial e aguardada durante os meses que se passaram, enfim, um grande cenário de paz, uma mesa cheia de harmonia ao redor da qual todos exibem brilho no olhar, um brilho motivado pela boa oportunidade de estar com quem se ama e estima. Momentos de paz nos quais todos comem e bebem juntos, festejam, celebram o Natal em família, com os amigos, enfim, com pessoas consideradas importantes, insubstituíveis, inesquecíveis, pessoas que não poderiam faltar, pessoas que jamais poderão se ausentar sem que sintamos uma incômoda dor.
Mas precisamos fazer com que essa paz seja prolongada. Que ela não fique apenas na ceia, que ela não termine quando cada um voltar para sua casa como se nada tivesse acontecido. Que essa paz possa nos acompanhar não por mais um ano, até o próximo Natal, mas que ela possa ser uma companhia constante, um parceiro persistente, que nunca se afasta, que sempre marca sua presença. Uma paz que nos faz evitar brigas por motivos bobos, uma paz que nos permite compreender a história e as dificuldades do outro, uma paz que não nos leva a julgamentos ásperos e duros, uma paz que nos permite amar e receber de volta todo o amor que concedemos. Uma paz que nos mantém em amor, que fortalece em nós a boa união, uma paz que nos garante a chance de não perdermos tempo por mágoas bobas, coisas passageiras, uma paz que assegura a nós a possibilidade de termos ao nosso lado aqueles que, positivamente, energizam nossas vidas.
Precisamos concordar que muitas das nossas discussões, muita da nossa falta de paciência, acontece por razões que poderiam ser deixadas de lado, que poderiam ser ignoradas, que não mereciam todo o investimento de atenção e energia que a elas dedicamos. Na noite de Natal todos parecem amigos, mas no restante dos dias uma verdadeira guerra parece ser declarada entre aqueles que se presentearam, que se divertiram com um épico amigo secreto, entre aqueles que foram capazes de construir momentos de verdadeira calmaria, entre aqueles que são capazes, se assim o quiserem, de construírem uma eternidade de tranquilidade. Isso não quer dizer que nossas diferenças não se manifestarão, que nossas divergências não se apresentarão e que possíveis desentendidos sejam simplesmente impossíveis de acontecer, relacionamentos humanos são difíceis por essência, mas quer dizer que enfrentaremos essas adversidades, que passaremos por essa experiência das formas mais saudável e amadurecida possíveis. Daremos nossa opinião, falaremos das nossas vontades, não esconderemos os nossos incômodos, mas faremos isso sabendo que quem está nos ouvindo é quem amamos, quem queremos manter no nosso caminho, por quem seríamos capazes de entregar a própria vida. Falaremos com cuidado, cheios de paz, seremos grandes sábios na hora de usar as palavras, evitando machucar aquele ao qual só queremos conceder afagos e carícias. A paz faz isso. Quando estamos cheios de paz conseguimos enxergar na fúria do outro uma dor escondida, uma angústia omitida, um clamor por compreensão e aceitação. Que essa paz floresça em nossos corações, alimente nossos amores e fortaleça nossas uniões!
Mas que essa paz não fique reclusa aos nossos círculos de pessoas queridas. Que essa paz rompa as fronteiras do conhecido e alcance aqueles que nunca vimos, que talvez nunca conheçamos pessoal e profundamente, mas que ainda assim sejam beneficiados por essa paz quando respeitarmos sua maneira de pensar, seu jeito de ser, sua forma de viver e aproveitar a vida. Que essa paz nos permita nos sentir bem conosco mesmos, que essa paz nos permita entrar em harmonia com a nossa própria essência e existência, mas, sobretudo, que essa paz nos inspire a enxergar o próximo como mais um ser humano ansioso por fazer uma bela e tranquila passagem por esse mundo, sendo quem ele é, livre para embelezar o mundo com a sua própria particularidade, com aquilo que o torna único, aquilo que também possuímos e que também nos torna singulares. Que essa paz una as pessoas num grande propósito: que todos possamos ter como maior objetivo cultivar o respeito, a tolerância, o amor, a harmonia entre nós mesmos, que o mundo seja um lugar melhor para que todos possamos nos expressar, manifestar-nos e irradiar a beleza e a grandiosidade de sermos quem somos, de nos transformarmos em nosso potencial de realização!
Então é Natal! Que a sua paz nos torne ainda mais humanos!
Um feliz Natal para você, sua família, as pessoas que ama e para toda a humanidade!
(Texto de @Amilton.Jnior)