Poeta sacana.

Sou uma poeta sacana

Daquelas que vive negando o amor, e espalhando a destreza da maravilhosa solitude.

Apenas por desistência do que é ínfimo e impalpável.

Sou a poeta maquiavélica que ainda não aprendeu a ouvir o que não queria

sem condensar e pontuar tudo, sobre um prisma totalmente existencial.

A que deixou de se espantar, todas as vezes que entende, que a contradição ainda é a melhor maneira de dissolver o ponto de vista único de um ser irrefutável.

Sou a poeta que não precisa mais do vazio escancarado das palavras doces de pessoas amargas.

Aprendi que meu voo é só! Minhas asas não suportam mais pesos necessários.

Sou a poeta que fala de música, mas que já não sabe mais cantar.

Pois acredita que o mundo é mísero demais para merecer.

Sou a poeta que escreve, mas que desistiu de interpretar.

Porque já não importa mais o que escrevo, menos ainda o que interpreto.

Sou aquela poeta bem mísera, mesquinha e desaforada.

Que cospe o que bem entende, pra quem não faz questão alguma de entender.

Aquela que paira seu tempo, em meandros distintos

Só pra ganhar a própria audácia de se julgar.

Porque sou assim, poeta de mim mesma.

-Tinna Mara de Camargo

Tinna Mara de Camargo
Enviado por Tinna Mara de Camargo em 22/12/2020
Reeditado em 22/12/2020
Código do texto: T7141641
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