Poeta sacana.
Sou uma poeta sacana
Daquelas que vive negando o amor, e espalhando a destreza da maravilhosa solitude.
Apenas por desistência do que é ínfimo e impalpável.
Sou a poeta maquiavélica que ainda não aprendeu a ouvir o que não queria
sem condensar e pontuar tudo, sobre um prisma totalmente existencial.
A que deixou de se espantar, todas as vezes que entende, que a contradição ainda é a melhor maneira de dissolver o ponto de vista único de um ser irrefutável.
Sou a poeta que não precisa mais do vazio escancarado das palavras doces de pessoas amargas.
Aprendi que meu voo é só! Minhas asas não suportam mais pesos necessários.
Sou a poeta que fala de música, mas que já não sabe mais cantar.
Pois acredita que o mundo é mísero demais para merecer.
Sou a poeta que escreve, mas que desistiu de interpretar.
Porque já não importa mais o que escrevo, menos ainda o que interpreto.
Sou aquela poeta bem mísera, mesquinha e desaforada.
Que cospe o que bem entende, pra quem não faz questão alguma de entender.
Aquela que paira seu tempo, em meandros distintos
Só pra ganhar a própria audácia de se julgar.
Porque sou assim, poeta de mim mesma.
-Tinna Mara de Camargo