Canto de Ninar da Solidão
Ela se veste de preto
Sua sombra é cinza e não tem pés
Sua capa por onde toca, deixa tudo sem sentido
O seu olhar é vazio e suas mãos são frias
Ela se apressa em me trazer um líquido e eu me apresso em beber
Amargo e corrosivo, dói quando toco na sua cuia.
O olhar vazio me encara, um olhar sem esperança me transfere, então me deito.
Digo, ''Querido, poderia aquecer uma chama ao meu redor, esta tão frio aqui.'' Sem resposta., pois não estou mais ali, o líquido já me fez emergir em tristeza e desespero.
Não há quem possa vê-la, todos ao meu redor veem apenas a cobertura de confetes coloridos, mas não sabem a podridão que há em seu interior.
Pobres, são solícitos ao cortar, mas não conseguem suportar o fedor que exala o lindo bolo. O bolo então é deixado de lado, todos se vão.
E então, lá esta ela, com seu olhar frio, me faz deitar novamente e se repousa do meu lado, fazendo-me sufocar com sua capa, ela quer me ver apenas dormir e então vem o silencio mais barulhento que há. É canto de ninar da Solidão.