Nas Trevas
Nas trevas da rua deserta, mora o silêncio tão profundo que ao longe escuto seu eco.
A Melancolia tornou-se um gigante que vive nas sombras, à espreita, pronta para atacar os incautos.
Os que se aventuram no submundo da insanidade. Os dois lados de uma mesma moeda, bondoso e brutal.
A Generosidade cruel; baseada no orgulho e egoísmo de uma alma que se convence que o mal realizado beneficia o outro, sem benfazer. Seguindo padrões, costumes, hábitos e tradições bizarras.
Comprando obras de arte na esperança que a beleza ofusque o que de feio há no seu frio mundo.
Não é só amor que faz morada no coração, a dor também nele fez seu Lar. A dor que assombra, pode ser usada para ajudar a dor alheia, mas focado só na sua dor, não consegue ver a do outro. Ninguém tem dor maior ou mais bonita. Assim, com medo de perder sua companheira, se isola no castelo da brutalidade, escuro e sem espelho. Se esconde de si mesmo, ferindo, sendo ferido brutalmente, sem se preocupar em buscar a luz, segue nas trevas pegando carona nos erros dos outros para justificar os seus. Suga o que de pior há no outro, alimentando sua dor e imaginação catastrófica, com teorias da conspiração. Sempre injustiçado, sentindo pena de si mesmo, foge das mãos que desejam puxá-lo para fora do abismo.
Perdido num mundo de dor e sofrimento, desfigura sua alma, perverte sua mente, a doçura de antes dá lugar a um mar de amargura maldosa. Se foi ferido, pode ferir; se foi magoado, pode maltratar. Cria um mundo sem ordem, sem lei, onde sua vontade é um deus. Acredita ter o direito de exibir sua verdade como troféu, doa a quem doer. Sua verdade é baseada em tantas mentiras que não tem base para se erguer, desmorona, se espatifa ao seus pés. Então acha um culpado para o desastre da sua vida, todos tem culpa, ninguém entende, ninguém se importa. Não se dá conta que deixa todos de fora da sua fortaleza, mesmo quando a ousadia e a coragem invadem seu castelo, este ser tão contraditório se arma até os dentes para atacar seus amigos, que aos seus olhos são inimigos. Se convence que estão ali por motivos egoístas, que são contra ele. A ousadia insiste em chamar o amor, acredita que o amor tudo vence. No entanto a prudência vem salvá-los, o amor não vencerá dessa vez.