Diverso converso
Como pode Alguns elementos
Tão estranhos entre si
Destoantes
Articularem-se?
Tenho melodias assim
Singulares em essência
De identidades múltiplas
Mas que compõem algo em mim
Na diferença inerente a cada uma delas
Nada falam de mim
Mas junto de suas contrárias
Produzem-me
Subjetivam-me
O som, a letra, a intenção
O desacordo, o choro, a piada
Amor, Ódio, Solidão
Todos entram em uma corrente que atravessa, marca, produz
Efeitos indizíveis
Puro Real que angustia e alivia a própria angústia
Isso sempre vivi
O que me intriga é saber quando meu olhar se voltou a essa trama tão sutil
Quando é que o pensamento abandona a ficção da realidade?
Acho que não há uma resposta
Cada um é convocado à sua maneira
De nada adianta achar a razão
A dor e a alegria de observar as nuanças mais intensas da vida
Quando instauradas
É um caminho sem volta
Resta-nos ir dia a dia
acolhendo os momentos em que o que há de mais diverso
Se encontra no palco de si
e convergem em um movimento único
produzindo efeitos
Que belos ou não
Humanizam-nos em uma direção ímpar