Do adeus
Saída, deve ser à francesa. Ausência, não deve nunca ser gritada. Antes, mora no sussurro, no passo leve e mínimo.
O grito está na intenção de quem ser retido, e não na
de quem se retira. Ao deparar-se sozinho e com seu reflexo turvo e singular sobre o tampo da mesa de vidro, caminhe. Deixe lá o prato vazio e caminhe. Pé ante pé, suave, sem definição, sem onomatopeias, sem discurso ou clamor . O retirar-se é sorrateiro e escorre límpido pelas frestas abertas, como sangue foge da ferida escarlate e recém-causada. Como o doce da maçã que se desfaz na saliva insossa e ali se dissipa. Não grite.
Não faça barulho, não olhe nos olhos, não se levante depressa. Sobretudo, não se despeça.
Ao sair, seja sopro e seja breve. E assim, perceba quem realmente te viu.