O que nos incomoda
É desafiador conviver em harmonia. Sim, pode ser complexo manter relacionamentos saudáveis e duradouros com as pessoas que nos cercam em nossa casa, em nosso local de estudo, onde trabalhamos e por todos os lugares pelos quais passamos. A convivência não é algo tão fácil a ser vivido. Somos todos diferentes em nossos gostos, em nossos pensamentos e em nossas opiniões, de maneira que nem sempre estaremos apenas com semelhantes, tendo a noção de que até entre nossos semelhantes podemos encontrar alguma divergência. Mas é enriquecedor compartilhar com as pessoas a nossa visão de mundo e aprender com elas a forma como encaram a vida, pode ser arrebatador entender que há outras possibilidades, que há outras formas de vencer, de sobreviver, de ser feliz. Mas precisamos melhorar nossas relações. Precisamos deixar comportamentos infantis e imaturos e construir relacionamentos adultos, responsáveis. Para que a união aconteça e prevaleça não basta o esforço de somente uma das partes, todos têm o dever de contribuir.
Um de nossos erros é quando “emburramos”. Alguém faz algo que não gostamos, que nos incomodou de alguma maneira, e então torcemos o nariz, respondemos em palavras curtas e grossas quando não optamos pelo silêncio absoluto como se fôssemos surdos ou mudos. É infantil. É coisa de criança pensar que o outro tem o dever de saber por si só onde foi que ele errou. E quando agimos assim, esperando que caia do céu um esclarecimento sobre a mente do outro, também erramos, erramos na maneira como levamos nossos relacionamentos.
As pessoas não possuem bola de cristal e a cartomante não tem o poder de saber o que afligi o seu íntimo. É algo seu, que só você sabe e que se não compartilhar ninguém terá a chance de corrigir. São como os casais que entram em algum conflito. Um espera que o outro entenda que sua ação causou a mágoa, mas ninguém dá o primeiro passo para se abrir e falar com maturidade sobre o que foi que não gostou. A vida seria mais leve se nos abríssemos às pessoas, se déssemos a elas a chance de aprenderem um pouco mais sobre nós, sobre as coisas que gostamos e sobre o que não apreciamos. E elas só saberão disso se a gente se manifestar.
Sem dizer que algumas pessoas erram conosco inocentemente. Não era a intenção, mas não souberam usar as palavras, não souberam agir de maneira equilibrada, não conseguiram se expressar da forma como realmente gostariam e, então, causam o mal entendido. Elas merecem saber que erraram, nós temos o dever de sermos sinceros e expor aquilo que nos incomodou. Isso é se relacionar. Isso é ser maduro.
E não podemos nos manter num pedestal de privilégios e segurança. Não podemos nos considerar bons demais para que alguém nos magoe ou erre conosco. Nós também podemos errar e precisamos de humildade para reconhecer isso. Não adianta ter esse sentimento de vulnerabilidade, “as pessoas só erram comigo”. Você também erra com elas. Estamos a todo o momento errando porque ao menos estamos tentando acertar. É um risco que corremos. O importante é que consigamos aprender com as nossas falhas, corrigi-las, entender quais passos nos levaram a elas, quais caminhos não podemos trilhar de jeito nenhum. É bom que aprendamos a pedir perdão e que nos permitamos a perdoar sempre que possível. A vida é ligeira demais para que esperemos das pessoas uma perfeição que nem nós mesmos possuímos.
(Texto de @Amilton.Jnior)