O criador
Por que nos criou?
Seus rebentos não deram problemas o bastante?
Talvez como um escritor inicia sua obra,
Ele tenha arriscado nesta, tão importante.
Mas por que nascemos tão diferentes?
Será que é um modo de aprendermos a respeitar as divergências?
E no final, aprendemos?
Ou só nos estratificamos mais por diferenças?
Uns brilham mais, outros transparecem
Uns precisam de mais, outros têm de mais, outros não têm nada.
Tal como versos desalinhados, assim é esta obra
Verso curto, verso longo, verso capengo, verso mudo
O que tem ao fim de tudo? Uma história viva e arquivada.
Lá em “rascunhos”, perdida e esquecida
Com alto teor de erro, mas que pode ser reeditada
Assim como um autor nunca esquece de suas obras
Ele não as rejeita, mas as reedita e as mostram para o mundo
Assim o fiz, assim se faz, dessa forma ela é lembrada.
Ô pobres estrofes rejeitadas, versos tão carentes
Me dói saber que não preciso delas,
Me dói saber que as rejeitei sem pudor naquele momento,
É como se eu me importasse mais com os fatos do que com os pensamentos.
E agora dentre elas, um espaçamento. Tão grande, quanto o buraco do arrependimento.
Não escrevo este ponto de vista à toa,
Sei que muitos discordam, mas e daí?
Assim como muitas obras são ignoradas
Por serem tão difíceis de interpretar,
Assim são os escritos dele, o criador.