NIETZSCHE: ALÉM DO BEM E DO MAL

Considero Além do Bem e do Mal: Prelúdio a uma filosofia do futuro, o mais anti moderno de todos os livros de Nietzsche e também a mais completa expressão de sua maturidade filosófica.

No labirinto de seus aforismos há críticas ferrenhas ao igualitarismo democrático, a ciência, ao históricismo, e a moral do progresso duvidoso do humano, do valor da verdade , da religião e do platonismo dominante( no sentido mais amplo do termo) através das lentes do aristocracismo radical de um espírito livre e terrestre.

Neste livro, Nietzsche surge incômodo e intempestivo para nós que ainda estamos presos a qualquer presente, pesados de um longo passado inventado pela moral dominante do antropocentrismo iluminista.

Filhos do nosso próprio tempo somos incapazes de alcançar a embriaguez lúcida da posteridade e do por vir do além do humano.

Não somos em qualquer sentido Nitzschianos, mas somos incapazes de pensar sem nietzsche. Pois ele nos ensina o inesgotável exercício da crítica de tudo que existe e nos faz ser. Em outros termos, Nietzsche nos ensina a desaprender o que somos e o que sabemos, nos inspirando a devir, a filosofar com o martelo, contra todos os ídolos.

Seu prólogo de 1885 tem início com uma provocação ardilosa e risonha que bem vale interpretar a luz do anacronismo de nosso tempo:

" supondo que a verdade seja uma mulher- não seria bem fundada a suspeita de que todos os filósofos, na medida em que foram dogmáticos, entenderam pouco de mulheres?"