Cântico
O que há na tua voz que me arrebata?
É o timbra da sereia que roubastes?
Pois sei que em tua vida não há espaço para uma composição como esta
Melodiosa, acalentadora, singela
Mas, seja como for, em tu está impregnada
E te faz crescer
reluzir
Alcançastes o mais íntimo da existência
O traço mais puro, mais convocatório
O som que entremeia na palavra
Quando entoa o mais puro cântico
Tão benevolente
Que esqueço teus pecados
Os mais torpes e cruéis
És um toque de magia anímica
Por que conjuras assim?
Algo falta em ti que precisa roubar
A alma pelo tom
A atenção pela sintonia
A emoção pela melodia
De onde vem teu cântico?
De que profundezas?
Tu és raso, não tem rua origem
Mas és copista, camalesco
Mimético de uma confusão caligular
Tens tamanho poder sobre mim que já confundi imagem e som
Por isso me sidera
Porque induz o delírio como por teu hino
Que é mel e fel em uma só substância