Cântico

O que há na tua voz que me arrebata?

É o timbra da sereia que roubastes?

Pois sei que em tua vida não há espaço para uma composição como esta

Melodiosa, acalentadora, singela

Mas, seja como for, em tu está impregnada

E te faz crescer

reluzir

Alcançastes o mais íntimo da existência

O traço mais puro, mais convocatório

O som que entremeia na palavra

Quando entoa o mais puro cântico

Tão benevolente

Que esqueço teus pecados

Os mais torpes e cruéis

És um toque de magia anímica

Por que conjuras assim?

Algo falta em ti que precisa roubar

A alma pelo tom

A atenção pela sintonia

A emoção pela melodia

De onde vem teu cântico?

De que profundezas?

Tu és raso, não tem rua origem

Mas és copista, camalesco

Mimético de uma confusão caligular

Tens tamanho poder sobre mim que já confundi imagem e som

Por isso me sidera

Porque induz o delírio como por teu hino

Que é mel e fel em uma só substância

Abraão Rodrigues
Enviado por Abraão Rodrigues em 11/12/2020
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