Tessituras

o fio tece

E o cerzir não se limita às mãos do criador

Pensei

Visualizei o produto que há em cada coisa

É efeito?

O que é, afinal?

Onde se encontra a essência desse material que é conjunto?

Tudo é tão múltiplo

Tão vasto

Tão horizonte

Como o olhar que sai dos meu olhos

E chegam na mais pura miragem

Clama pela glória de algo amorfo

Pois é ela que vai pincelando

Dando forma

Não é assim a vida?

O próprio Deus?

Essa força devastadora que impele a mão a tecer

a fiar

a pintar

a por em palavras atos singelos de uma alma decaída

E nos campos das colheitas dos meus singelos gestos

Vou vendo o efeito de vida que saiu dessa tessitura

Que em mim é a própria vida

O próprio querer

O desejo mais pleno da existência

E nesse fazer contínuo

Vou me apropriando de cada ponto que me constitui

Abraão Rodrigues
Enviado por Abraão Rodrigues em 11/12/2020
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