Tessituras
o fio tece
E o cerzir não se limita às mãos do criador
Pensei
Visualizei o produto que há em cada coisa
É efeito?
O que é, afinal?
Onde se encontra a essência desse material que é conjunto?
Tudo é tão múltiplo
Tão vasto
Tão horizonte
Como o olhar que sai dos meu olhos
E chegam na mais pura miragem
Clama pela glória de algo amorfo
Pois é ela que vai pincelando
Dando forma
Não é assim a vida?
O próprio Deus?
Essa força devastadora que impele a mão a tecer
a fiar
a pintar
a por em palavras atos singelos de uma alma decaída
E nos campos das colheitas dos meus singelos gestos
Vou vendo o efeito de vida que saiu dessa tessitura
Que em mim é a própria vida
O próprio querer
O desejo mais pleno da existência
E nesse fazer contínuo
Vou me apropriando de cada ponto que me constitui