A Descompensação

Imploro e peço a Deus para que me livre dessa angústia permanente que me acompanha. É um pensar sem limites, um querer desenfreado, um galgar infinito, mas para que tanto? O que pretendo? Onde quero chegar? Mas onde estou?

O limite entre o sossego, a paz e o desassossego de um coração rodeado de coisas mundanas. Pecados, quereres, angústias, ânsias...

O mundo mudou e eu me esqueci no passado, na vida sossegada, na qual a paz e a simplicidade eram a chave para o sucesso pessoal, mas agora, agora não, a troca incessante de informações de cunho pessoal, o vestir-se para as outras, o gostar padronizado, o viver perigosamente por algo que não sabemos o que, muito menos do que se trata.

A vida pessoal virou a melhor mídia que alguém poderia ter, mas será isso sensato? Até que ponto a exposição é fruto positivo de um futuro prospero e seguro? Ou será que as pessoas não buscam mais a paz e a felicidade verdadeiras?

O buscar, o querer, o exigir e o surpreender são tantos que nos deparamos com crianças vestindo-se e agindo como adultos e adultos vestindo-se e agindo como crianças, será isso o fim dos tempos?

Desilusões, ansiedade, inquietação, soberba, humilhação... Para quê?

De que ponto partiu para chegar onde estamos? Evoluímos do ponto de vista mundano e retraímos do ponto de vista devido, para que serve tanta exposição e diminuição do ser humano? Para que serve tamanha soberba e egoísmo? Para que serve?

O que se pretende? O que se espera? O que se deseja?

Paz, amor, felicidade... isso é passado, o ideal é inquietação, angústia e aflição...

Corremos a duzentos km por hora para chegar depressa à algum lugar que temos tempo de sobra para alcançar o que desconfiamos ser o lugar que deveríamos chegar.

Eis o fim, o princípio fora, o meio não existiu, pois o atropelamos.

Modismos, meios de vida atuais que desabonam a boa conduta, a boa aparência, enfim... o bom gosto da vida.

O ridículo virou descolado, o exibicionismo a alma do negócio e o fim o início de tudo.

Para que tantos dólares se o mercado está fechado, para que tantas roupas se os corpos não se vestem, para que tantos carros se as pessoas voam, para que tanto exibicionismo se as pessoas desaparecem, para que... para que... para que...

O fim é evidente... pessoas não mais existiram, mas corpos que se exibem, consciência então é algo do passado, o ideal é viver o presente desenfreadamente.

Antes presente, passado e futuro, agora presente, presente e presente.

Momentos e não vidas, parcelas e não pagamentos, presente e não vivencia.

24.10.2012

1:25 a.m.

Roberta Graciani
Enviado por Roberta Graciani em 11/12/2020
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