02:20

São 02:20.

Eu sei, já deveria estar dormindo. Tenho dito dias de insônias ultimamente. Talvez seja a minha ansiedade, as preocupações ou o estresse do dia a dia. Tenho passado por muita coisa. Além disso, um coração partido demora a se curar. Eu ainda estou tentando encaixar cada pedacinho no seu devido lugar.

Mas não é sobre isso que tenho refletido em minhas madrugadas insones.

- Quer dizer, até tenho, mas não só isso.

Eu estava aqui pensando em como somos pessoas complexas. Um universo particular pouco explorado até por nós mesmos. Somos algumas histórias que só podem ser compartilhadas por quem nos ama.

Estava pensando em como somos um punhado de tentativas frustradas de acertar, de segredos desnecessários, de palavras não ditas, de atitudes não demonstradas e de sentimentos guardados para um depois que não chega nunca. Somos todos uns covardes.

Muitas vezes eu quis demonstrar um pouco mais de mim, mas me achei uma boba. Sei que a bobeira era não mostrar o meu coração apaixonado e toda a intensidade que carrego no meu ser. Mas, para nós, que sentimos muito, qualquer portinha que abrimos no nosso peito para demonstrar a menor fagulha que seja, faz transbordar toda a represa que temos no peito. Inclusive o que é ruim.

De todas as verdades que a vida pode esfregar na minha cara, a saudade que sinto de mim, do que vivi e deixei de viver, acompanhada da incerteza que minhas escolhas trazem, me assombram de forma surreal. As lembranças me atormentam. Por isso não consigo ser inteira. Sempre preciso encontrar os meus pedacinhos em letras de músicas ou trechos de poesias.

Não deveria ser assim. A vida poderia ser mais fácil.

O problema é que complicamos tudo.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 06/12/2020
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