Então é Natal! Que seja cheio de amor...

Que ano meus amigos! Criamos tantas expectativas, fizemos tantos planos, traçamos tantos objetivos. Quantos de nós não pensaram quando o calendário virou: “Agora vai!”, não é mesmo? Mas não foi. Logo no início desse inesquecível 2020 a vida nos mostrou o quanto pode ser imprevisível, a sua capacidade de se transformar sem nem pedir licença. Somos frágeis, estamos vulneráveis às intempéries e faz parte da existência que sejamos levados a nos adaptar aos diferentes problemas que nos são apresentados.

Mas uma coisa que se destacou nesse ano foi a nossa humanidade. Alguns mostraram ser completamente apáticos ao sofrimento humano, desdenharam, fizeram de simplório aquilo que é complexo. Outros não. Choraram com os que choraram, estenderam a mão a quem mais precisou, além de cuidar da própria saúde zelou pela daqueles que os cercam, viveram o verdadeiro amor expresso na mais nobre humanidade. O amor que encontramos no símbolo do Natal. A humanidade que se fez presente na figura de Jesus Cristo.

Nesse momento não quero que nossas diferentes crenças se misturem ou se choquem, quero apenas que possamos refletir sobre a essência do natalino, dessa época tão aguardada, tão especial, mas que dessa vez será atravessada de uma forma um pouco desafiadora. Precisamos falar sobre o senso de humanidade de um homem que não foi apenas mais um homem, de um ser humano que não foi apenas mais um número, mas de um ser que fez história, que mudou a história, que trouxe luz aos esquecidos e notoriedade aos encobertos. Além do plano de salvação, professado pela crença cristã, Jesus foi morto porque foi humano, porque amou o repudiado, porque perdoou o renegado, porque se abaixou à altura do indesejado. Foi morto porque expôs a hipocrisia de muitos, a falsidade de outros, a ganância de toda uma sociedade e a crueldade de indivíduos poderosos que viam na opressão a sustentação de seu poder. Foi morto porque trouxe amor num mundo de ódios.

E eu acho que é sobre esse amor que precisamos falar, que precisamos semear, que precisamos viver. Um amor que não vê condições, que não vê aparências, que não vê posições, que não se importa com status, que não dá a mínima para a conta bancária, que não distingue entre idades ou diferenças. Um amor que é grande demais para a compreensão de muitos. Um amor que exige empatia. Empatia que não quer dizer aconselhar, fazer carinho, pegar no colo. Muitos demonstram afeto, mas é um afeto interesseiro. A empatia que não julga, que escuta sem interrupções, que fala só quando é necessário, ainda assim, pedido. Uma empatia que permite ao outro ser o centro do espetáculo, o alvo da atenção, o motivo dos aplausos. Uma empatia capaz de resgatar em nós o senso de humanidade há muito perdido.

Para esse Natal desejo que sejamos cheios de amor. Mas não um amor momentâneo, servido na mesa da ceia e esquecido no almoço do dia seguinte. Não um amor exibicionista, forçado, que apagará quando as câmeras também se desligarem. Um amor que não exige plateia, que não quer repercussões ou reconhecimentos. Um amor que se satisfaz pelo simples fato de existir e se fazer presente. Que esse amor humano, o mesmo amor que fez Jesus perdoar seus inimigos e abraçar os marginalizados, acompanhe-nos pelo restante dos nossos dias fazendo-nos olhar para as pessoas como elas são, como nós também somos, seres humanos em busca da própria evolução, da própria melhoria, da própria felicidade, da própria realização, seres humanos que erram, mas que também podem acertar quando são perdoados.

Que esse amor nos faça valorizar a vida, mas não parte dela, que ela seja honrada em sua completude, que toda a vida seja respeitada, independente da forma como ela se expressa. Que a existência possa ser adorada. Que o existir possa ser visto como algo sagrado. Que nosso direito de ser feliz seja considerado através desse amor sem condições, sem “poréns”, sem intenções. Que esse amor nos faça olhar para o próximo e ver nele a humanidade que em nós também existe. Que essa igualdade, a única que temos, se sobreponha a todas as diferenças e nos faça parar com nossa louca insanidade de tratarmos o outro com intolerâncias e humilhações.

Que esse amor nos traga a paz. A paz que queremos no mundo. Mas não apenas ao mundo. Que esse amor nos traga paz para conosco mesmos. Que nos sintamos em paz sendo quem somos, vivendo a vida que temos e buscando pelos sonhos que queremos. Que esse amor seja egoísta. Sim, egoísta. Que nós possamos nos amar apesar de tudo, apesar dos comentários, apesar das desaprovações, apesar das reprovações que nos são dirigidas. Que sejamos autênticos, que sejamos felizes por isso, que sejamos originais em um mundo de essências pirateadas. Que esse amor traga mais verdade sobre o mundo e sobre a humanidade.

Então é Natal! E que ele seja repleto de muito amor, compreensão e companheirismo...

(Texto de @Amilton.Jnior)