Vais e Vens
No vai e vem da vida
Tenho sido tomado por tantas surpresas
E que júbilo , embora espantoso, é ser arrebatado por poderoso fenômeno
Tão subjetivo e tão certo!
Me vêm rostos, olhares, vozes e palavras
Verdadeiras e fascinantes alucinações poéticas
Todos me convocam à ressignificação eterna
Em um movimento (a) temporal
Onde conjugo pretérito e futuro, desenhando um presente: que presente!
Mas qual é o material de reelaboração?
O mundo? A vida?
Não, é mais que isso: o EU-MUNDO
Volto ao estágio indiferenciado
Totalidade experimentada na limitação mesma da incompletude humana
Que paradoxo tão verdadeiro! tão puro! tão fluído!
É presença! O convite assombroso é este: Faz-se, Presentifica-se, Ocupa-se também
E que espetáculo é estar
Assim como maturador e fecundo é sair, ausentar-se
É por isso que estou indo e vindo, me aproprio do contraste
E é o contato com essa verdade, com esse chamado da existência que promove o assombro
Assombro é, portanto, convite
E ao me entregar a possessão dessa força tão criadora, tão mítica
Vou (re) visitando contingências, desfazendo-as, reajustando-as
Brinco com elas como blocos potenciais
E junto com eles me reinvento
Vejo-me transmutado, desnorteado, alucinado, perseguido, encontrado
Eu mesmo torno-me objeto que cai
Sou resto inebriado
Pelo que?
Pela coisa?
Jamais!
É o processo que me fascina e me vira ao avesso
Ele me embriaga e me torna lúcido
Lucidez de outra ordem, de outras razões
E qual a finalidade?
Ora, para me voltar aos vais e vens ordenados
Imperativos que a vida nunca deixará de exercer