Viver em Paz
O que nos falta, em muitas ocasiões, é a paz. Mas não apenas aquela paz mútua, quando um não implica com o outro, quando um consegue respeitar o espaço do outro. Paz interior. Paz conosco mesmos. Paz com a nossa essência e a nossa existência. Paz com a nossa singularidade e especialidade. Paz com quem somos e onde estamos. Muitas são as cobranças que sobrevém sobre nós, parte delas nos são dirigidas através dos outros, mas a outra parte é criada e fomentada por nós mesmos e por nossa interminável ânsia de atendermos às exigências de um mundo injusto. Precisamos de paz. Chegará o dia que teremos que dar o último suspiro, estaremos em paz com a vida que vivemos?
Talvez o primeiro passo seja aceitar o nosso âmago, aquilo que carregamos dentro de nós. Todas as nossas angústias, todas as nossas dores, todos os nossos medos, todas as nossas conquistas, todas as nossas satisfações, todas as nossas ousadias. Precisamos entender quem somos, o que temos, o que queremos, o que sonhamos, o que sentimos. Precisamos pegar nossas emoções no colo e encará-las como sendo nossas, pertencentes a nós, características que nos definem e tornam únicos em um planeta de bilhões de outros seres humanos. Precisamos acatar nossas particularidades por mais distantes que pareçam das dos outros. Precisamos entender de uma vez por todas que ninguém é completamente igual a ninguém. Talvez eu e você gostemos de ler histórias românticas, mas talvez eu prefira os contemporâneos e você os de época, ou então eu dê preferência para as histórias realísticas e você adore os romances cheios de fantasias com fadas e duendes. Percebe? Até em nossas semelhanças podemos nos diferenciar em algum ponto e está tudo bem, são essas diferentes maneiras de ser que nos tornam únicos, que nos permitem deixar nossa marca nesse vasto e lotado mundo além de deixarmos em algum coração que um dia fizemos parte dele.
Mas precisamos perseguir essa paz interior. Deixar de nos importarmos com opiniões alheias, com palpites que não sabem nem metade do que sentimos, do que desejamos, do que estamos dispostos a suportar em nome dos nossos anseios. Para os outros as nossas convicções podem parecer bobagem, ingenuidade, desperdício de tempo, mas o que importa é que façam sentido para nós, que façam nossas almas vibrarem pelo prazer de viver. Quando renegamos nossos sonhos, quando influenciados por discursos alheios desistimos da nossa história, perdemos o prazer tão necessário para prosseguirmos nossa caminhada por caminhos tão estreitos, cheios de pedras e obstáculos. É verdade que todas essas dificuldades nos fortalecem, nos engrandecem, nos fazem melhores e mais experientes. Mas se não tivermos pelo quê enfrentá-las, muito provavelmente sucumbiremos a uma melancolia paralisante.
Esteja em paz com os seus pensamentos. Fique à vontade com os seus desejos. Que entre você e a sua essência possa existir uma harmonia mágica ao mesmo tempo em que real. Que não lhe falte coragem, nem forças, para avançar, correr, pular, tudo em nome da delícia e da enorme satisfação de poder chegar à linha de chegada completamente satisfeito pela vida que almejou, pela vida que conquistou, pela vida que viveu, sem nem uma gota de arrependimento por ter dado voz aos receios e perdido a oportunidade de vislumbrar a maravilha de estar em paz com quem se é e viver essa verdade!
(Texto de @Amilton.Jnior)