PROBLEMAS
"—Meu Deus, não é engraçado? — disse o velho. — A guerra parece tão distante porque estamos com nossos próprios problemas."
Há duas lições que se podem extrair do trecho:
1.nossos problemas, por vezes, são de fato minúsculos frente a problemas recorrentes no mundo ou mesmo na vida de outras pessoas;
2.o trecho resume bem o que frequentemente converso com pessoas próximas a mim: A dor é algo muito particular. Não falo aqui sobre atitudes mesquinhas de pessoas mesquinhas que querem toda a atenção para si. Não. Falo de problemas que surgem em nossas vidas e que precisam de atenção.
Um dos segredos que uso para enfrentar alguns "problemas" em minha vida é pensar no problema dos outros. Eu deliberadamente diminuo o tamanho do meu problema, comparando-o a problemas realmente problemáticos – como quando eu me pego querendo reclamar de não conseguir determinada coisa e me lembro que há pessoas que não têm o que comer, vestir ou mesmo onde morar, isso me parte o coração e vejo o quão egoísta eu sou. Pode parecer um método estranho, mas acredite quando eu digo que não é. Ajuda-nos a nos descobrirmos, a ver que tipo de pessoa realmente somos. Podemos estar enganados acerca de nós mesmos muito mais frequentemente do que imaginamos.
Há, entretanto, problemas que realmente nos fazem esquecer do mundo ao nosso redor. Nós precisamos resolvê-los. Eles precisam de solução. E isso não é ser egoísta, é a particularidade de uma dor. O que é uma agulha para mim, é um camelo para você. E vice-versa. Há coisas que nos pesam toneladas, e precisamos retirar este peso de nós, senão não caminhamos. E nesses momentos em que o mundo parece se fechar sobre nós, nos enclausurando, deixando-nos claustrofóbicos, fracos, debilitados emocionalmente... dane-se o mundo! É precisamente nesses momentos que "Meu Deus, não é engraçado? A guerra parece tão distante porque estamos com nossos próprios problemas".