Brincar de colo
Ontem, carreguei minha filha no colo intuindo que amanhã esse gesto desaparecerá.
Por peso ou sentido.
Olhei com atenção e observei suas pernas e braços crescendo.
Tive, por um minuto, a sensação de que aquele momento nunca mais se repetiria.
Posso estar exagerando, contudo achei belo. Um retrato de beleza simples e profunda.
Ela deixou de ser um bebê, constato.
Parece óbvio: ela vai fazer cinco anos. Até um criança percebe que ela não é mais um bebê.
Ela é uma pessoa cheia de vida. Ela quer brincar. E eu reaprender. Parece que a minha criança ficou adulta. Tenho dificuldade, mas sou insistente. Mais de trinta anos nos separam e nos unem.
Quero ser seu amigo. Brincar até cansar. Assim, consigo acompanhar ela crescer. Se ficar parado, só vou conseguir ver ela como um bebê. Tenho trinta anos para voltar a brincar com o tempo. Não sei se esqueci ou me perdi. Não importa!
Agora, minha filha, está aqui cheia de energia para ensinar a brincar, mesmo com meus joelhos doidos e os olhos de sono.
Vamos lá fora brincar?