Tenho Medo de Voar

Por Nemilson Vieira (*)

Como pode? Fico impressionado com aqueles que vivem a ganharem o pão de cada dia nas maiores alturas; trabalhadores, homens, mulheres, crianças; a negócios, a passeios…

Que se dispõem a viajar, a milhares de pés de alturas, numa aeronave, num balão, num ônibus espacial!

Cá em baixo ao ver os aviões lá em cima seguirem as suas trajetórias penso no grau de risco dessa atividade e ponho-me a imaginar coisas, como, por exemplo a coragem dessas pessoas nessas aventuras voantes.

Já busquei uma autoajuda na literatura específica, para ver se perco o “medo de voar”, mas parece que não tem jeito; ainda não pude ser convencido a isso.

Fora muita ousadia do inventor mineiro, brasileiro; desafiar o medo, os ventos contrários, a Lei da gravidade, a morte e vencer todos estes desafios…

Foram tantas tentativas no sentido da realização deste intento: voar, mas só ele no mundo inteiro conseguiu tamanho feito: o invento e o voo pela primeira vez.

Muita inteligência, curiosidades, tempo investido, pesquisas, experimentos empíricos, noites mal dormidas, investimentos financeiros, pexincha, resignação… Na busca do produto final que satisfizesse a necessidade de locomoção mais ágil da humanidade, o avião.

Tudo isso e mais um pouco, aliados à sua coragem, resultou na concretização do seu sonho e o sonho de muitos: voar nas asas do seu invento.

Só em ver um avião a seguir o seu destino pelos céus, outros imóveis no ar como o beija-flor, já me dar um pouco de frio na barriga; quanto mais me ver, como um dos seus tripulantes, a vazar as nuvens.

Eu também acho, como achou Alberto Santos Dumont ser o avião um trem bom demais da conta; necessário e muito útil… Ainda assim continuarei a dizer o que sempre tenho dito: prefiro viajar a pé ou, noutra condução qualquer e chegar em segurança ao meu destino…

A deixar uma viúva com filhos num lamento…

*Nemilson Vieira

Acadêmico Literário.

(06:01:16)