DIÁRIO DE BORDO
A ventania me acordou...
Eu nunca peguei uma tempestade na praia, tempo ruim, sim, mas tempestade não.
No alojamento onde estamos a estrutura é antiga e com o vento as janelas fazem barulho de madeira batendo, e o vento assobia quanso bate nas telhas que compõem o telhado acima da laje.
Lá fora, luzes acesas, poucos se arriscam a sair huma tempestade. É madrugada, e quando nao se tem ventania, alguns boêmios, aventureiros e desbravadores se aventuram a um passeio noturno na orla. As palameiras balançam, como que festejam a chuva que vem; no céu furtivos raios indicam que a tempestade se aproxima. Vejo riscar o céu um clarão, conto mentalmente, espero o estrondo do trovão...alguns segundos, dez, depois cai para sete, e assim vai sucessivamente, até que raio e trovão em unissono anunciam que estamos sob uma tempestade de primavera.
Daqui ouço o barulho das ondas do mar castigando a areia, e o mar na sua violência poética trasnforma em espetáculo o que seria aterrorizante. O mar se agita; o mar é bravio e ruidoso.
No céu raios rasgam o céu. Nas avenidas, ruas e orla, o vento faz promove uma dança , fazendo folhas e arvoredos se deslocarem permissamente em sua direção. No mar as aguas se rebelam, com se reivindicasse algo que outrora lhes pertencia; invadem o limite que durante o dia foi marcado. Entre o céu e mar, a vida humana ouve ecos dessa intimidação.
Por fim, a chuva chega, forte, apaziguadora e transformadora. Os relâmpagos ficam esparsos, longínquos e menos intimidadores. Espreito pela janela a paisagem noturna molhada, o som clemente das chuvas é admirável , o tamborilar das gotas incessantes nos telhados provoca uma cadenciada canção, que faz o sono voltar; teimo em não adormecer, mas a chuva, a noite, os sons vindo das ondas do mar, me hipnotizam, chega a hora de apagar a luz e me recolher. Adormeço.
Narrativa escrita na madrugada de dezessete de novembro do ano de dois mil e vinte.
Fim do registro.
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