Às Claras (Reeditado)
O sistema eleitoral tem fundamento, pois, após cada sufrágio as entidades privadas - os institutos de pesquisa - tanto quanto as entidades públicas - os partidos políticos - fazem estudos detalhados sobre o resultado das apurações. E um dos dados que tem peso relevante, é o percentual de eleitores que comparecem às urnas.
Nas sociedades mais avançadas, com menor número de analfabetos, o processo eleitoral não impõe nenhum dever ao cidadão a não ser a sua participação voluntária; o candidato ao cargo público é quem assume todos os compromissos: a) o de expor opiniões, argumentos e provas para fazer o eleitor acreditar na sua promessa e competência para solucionar os problemas; b) o de empregar esforços para convencer o eleitor da necessidade que ele tem do seu voto para ser eleito; c) o mais importante, o de incentivar o eleitor a comparecer no local de votação e depositar a cédula na urna. No Brasil, com maior número de analfabetos, o cidadão é coagido pelo governo à cumprir o seu dever de votar, se recusar, sofre represálias: fica impedido de participar de concurso público, de obter passaporte ou carteira de identidade entre outras penalidades, até que seja paga uma multa, simbólica, ao meu ver, mas ofensiva, por carregar a pecha da punição.
Se a participação popular for da ordem de 90%, cem por cento é utopia, fica evidente que o povo está satisfeito com tudo que esta sendo feito e aceitou escolher o líder da sua preferência ou o candidato que apresentou a melhor proposta de governo para comandar o país, o estado ou o município.
Na medida em que diminui esse percentual, as coisas se complicam com risco de comprometer, inclusive, o sistema eleitoral.
Se em um universo de 1 mil cidadãos aptos à participar das eleições, apenas 60% desse total, ou seja, 600 pessoas comparecerem e depositarem votos válidos na urna, e se, ao final, o preferido pela maioria se eleger com 51% dos votos ou 306 no total, fica claro e evidente que, com 1/3 de aprovação este governo será muito fraco, com poucas chances de implementar mudanças fundamentais e com forte risco de ser destituído muito antes do final de mandato - 4 anos.
Há de se aprender alguma coisa com resultado tão desastroso, e pra isso acontecer, há de se fazer inúmeras pesquisas e análise de dados.
Apurados e devidamente agrupados, seguem relacionados abaixo os tópicos de maior relevância exigidos pelos que se omitiram de participar e que somam 400 votos.
10% ou 40 eleitores deixaram de comparecer às urnas por 'n' motivos.
30% ou 120 dos que votaram nulo - exige: moralidade no valor do vencimento pago aos servidores e extinção dos penduricalhos, aí somado a verba de gabinete concedida aos Parlamentares, todos, nas 3 instâncias - federal, estadual e municipal. Nenhum candidato sequer falou sobre esse assunto durante todo o período de campanha.
15% ou 60 dos que votaram nulo - exige: saneamento básico. Nenhum dos atuais candidatos convenceu com suas propostas, que atenderão este pleito da população.
15% ou 60 outros dos que votaram nulo - exige: mais segurança pública com extinção total das milícias. Nenhum candidato convenceu que irá resolver o problema.
Este resultado hipotético também faz pressão pra que mudanças importantes sejam implementadas, principalmente nas que a população exige.
Conclusão: O voto nulo tem tanto valor quanto qualquer outro. Voto nulo não é omissão, a interpretação errada é que compromete a conduta do eleitor.
Dilucas