Viver é um voto de confiança em forma de círculo.
Só existe o total silêncio quando não ouvimos nosso próprio pensamento, pois sim, o pensamento é um som em alto volume a dar ritmo ao exercício tátil da distância.
Afinal, as palavras têm dedos, unhas e pele.
E a esperança, essa senhora simpática e ingênua, sentada em sua cadeira de balanço, e que tece imensa colcha de patchwork a contar suas histórias, está sempre a dizer: ‘confie na vida’.
Confesso que olho para a senhorinha e acredito sem pestanejar. Sim, confio na vida! E ainda mais quando me recolho no semi-silêncio, (pois ele existe em valor absoluto apenas como um projeto dos deuses), nesse momento meu pensamento grita em clichê: ‘a vida é o bem maior’.
E o silêncio total só se fará na última cena, aquele amargo epílogo em que a personagem desiste de tudo, e num fio do tempo, vai para não mais voltar.
Mas isso somente acontecerá para aqueles que rimam ‘confiar’ com ‘falecer’.
Viver é um voto de confiança em forma de círculo.