Carta à humanidade
São exatamente 4:34 da manhã quando escrevo isso, está extremamente frio lá fora. Estou sentado à mesa, e ao meu lado há um pequeno rádio que está tocando Ella Fitzgerald. Minha mente se encontra turva, porém repleta de pensamentos lúgubres e intrínsecos que me fazem definhar em um rio de melancolia um tanto aparente até mesmo aos mais leigos. Há notáveis sons de violino, seguido por curtas e calmas teclas de piano, na qual me levam à um universo paralelo, uma realidade alternativa cuja única preocupação aparente é se iremos despertar no dia posterior. Me encontro em um chalé no campo, longe de toda algazarra e todo alvoroço que as pessoas vivendo proporcionam, e em minha vitrola um tanto quanto judiada pelo tempo está a tocar um dos meus discos preferidos de Frank Sinatra, e de repente, estou de volta à minha realidade, sentado aqui, escrevendo.
As pessoas são ínfimas e barulhentas, estão sempre extremamente ocupadas vivendo que esquecem do que realmente significa viver em seu sentido completo. Viver não é só acordar, fazer sua higiene básica e ter a mesma rotina supérflua e sem sal, viver é aproveitar em míseros e mínimos detalhes, desde uma música que te lembre alguém, ou que simplesmente invada seu âmago e te inebrie de várias maneiras diferentes, de jeitos que você nunca sabia que seria possível, ou simplesmente a vista da sua janela. As pessoas passam tanto tempo vivendo e procurando sentido nisso, quando o principal sentido à sua vida é você quem dá, você quem decide se aproveitará as coisas boas que acontecem por menores que sejam, ou se reclamará por não ter conseguido o ingresso para o show da sua banda favorita e remoerá isso ao longo da semana. Apenas vivam, a realidade fora da rotina é excêntrica.
E aqui eu finalizo a minha carta à humanidade e me despeço.