As lentes que usamos
Acredito que estaremos em acordo se eu disser que lentes escuras nos fazem enxergar o mundo de uma maneira escura, que lentes vermelhas nos fazem enxergar tudo vermelho e que lentes amarelas garantirá um amarelado para onde quer que olhemos. No entanto, lentes transparentes nos permitem apreciar o colorido do mundo, permitem-nos observar com atenção e cuidado cada detalhe das mais diferentes tonalidades de uma mesma cor. Assim é na vida. Alguém pode dizer que ela é feia, que ela é opressora, que ela é injusta, que ela nunca muda, que ela concede sofrimento a todas as pessoas, que ela é cheia de dores e motivos para ser xingada, para ser rebaixada, para ser desacreditada como valiosa oportunidade que temos de deixar um legado nesse mundo. Esse alguém talvez até queira que as coisas mudem, que seus sentimentos pela vida sejam diferentes e se transformem, mas insiste nas mesmas lentes. É como alguém que todos os dias permanece sobre a mesma janela atento ao mesmo caminho. Todos os dias vê as mesmas pessoas, os mesmos carros, os mesmos animais indo e voltando. Reclama da mesmice, mas nunca dá um passo para a esquerda a fim de trocar de janela. Ou menos que isso. Nunca muda a direção de seu olhar. Como requer alguma mudança? Como exigi quaisquer diferenças? É impossível contemplar o diferente se insistimos no mesmo de todos os dias. É impossível experienciar uma vida melhor se todos os dias insistirmos no mesmo pensamento de que nada vale a pena.
“Quando você muda a forma como olha para as coisas, as coisas que você olha mudam”.
Esse é um dizer de Wyne Dier e tem tudo a ver com o que estamos conversando hoje. Se queremos ver alguma diferença no mundo no qual estamos, precisamos procurar por essa diferença, ela existe, está aí para ser apreciada, vista e admirada, mas para tanto é nosso dever nos permitirmos a essa busca, sairmos de nossa zona confortável, de nossa postura insegura, dominarmos nossa existência com tudo o que isso implica: dispostos a tirar o melhor de cada segundo.
Pode ser desafiador ser otimista num mundo de inseguros. Mas por que tanta insegurança? O que temos a perder? Qual a razão para tanto medo? Os julgamentos que nos dirão que somos loucos por estarmos correndo atrás de nossos sonhos? Os deboches que a nós sobrevirão desacreditando na nossa capacidade de construirmos algo grandiosamente admirável? Nada disso importa. Temos apenas uma coisa a perder se nos mantivermos em nossa inércia perante o passar do tempo: a chance de sermos realmente felizes. Precisamos alterar até mesmo a forma como encaramos os momentos difíceis que precisamos enfrentar em muitas situações da nossa vida. Eles têm coisas importantes a nos ensinar, eles podem nos enriquecer de diferentes maneiras, tornar-nos mais fortes, mais resistentes, mais sábios. Ver a dor como dor é angustiante. Mas encarar a dor como uma oportunidade de amadurecimento torna tudo mais palatável, mais significativo, mais oportuno. Conseguiremos compreender a razão de ser de cada situação, convictos de que cada momento, por mais efêmero que seja ou por mais difícil que se apresente, tem algo a nos ensinar e ajudar na nossa travessia por esse mundo.
(Texto de @Amilton.Jnior)