NUM DIA DE INVERNO
Num dia de inverno soalheiro caminho pela praia
Que eu tanto gosto, posso observar o sol e o vento
A brisa a acariciar-me o meu cabelo e a minha face
Brisa suave perfumada com cheiro a maresia
A areia massaja-me os pés, vagueio pelos pensamentos
Pelas memórias de todos os momentos vividos
Hoje ao passear pela praia sinto-me só
Sozinha neste areal, neste mundo, vazio e triste
Como se o meu coração estivesse secado de dor
Como se já não existisse sol, como se o mar estivesse seco
Ando pela praia sem saber onde vai dar, perdida e esquecida
Um caminho de solidão, no meio da tempestade de tristezas
De lágrimas, sonho acordado feito de gritos
Murmúrios, lamentos, choros de dor
Feitas em carne viva que deixam, uma cicatriz na alma
No corpo, como se eu chamasse a morte em vez da vida
Como se carregasse no peito, na mente, as mágoas
Deceções, frustrações, desilusões
Fecha-se as portas as janelas, da vida para ninguém entrar
Um poço fundo escuro, por mais que eu tente sair não consigo
Ler, escrever, rabiscar, publicar, é neste momento
A minha terapia para secar a dor que atormenta-me
Para colocar em ordem a minha mente, que sinto que está em desordem
Sim mostro o mais íntimo do meu ser, e muitas vezes sinto-me nua
Mas a quem o mostro primeiro é a mim mesma, sim as minhas fraquezas
Mas também minha força a vontade, de quando isto passar terei vontade de rir
Tenho consciência que não sou perfeita, sou apenas um ser humano
Com defeitos, manias e imperfeições, que precisa de colocar as coisas cá dentro
Em ordem para melhor avançar, começar a viver sem medo, sem dor
Num dia frio soalheiro passeio pela praia, que eu tanto gosto
Seja de inverno ou verão, onde molho os pés da minha solidão,
Da escuridão da minha alma.