Sol em Câncer

Eu sou estação,

Transição.

O efêmero.

O permanente.

O deslocamento.

O firmamento se redesenha.

Meu ser acompanha o processo.

Me torno mudanças.

Me torno o jogo de tintas,

que se intercalam no azul do céu.

Um azul que muda em matizes,

que joga com as luzes,

que se adapta à escuridão.

Sou certezas,

dúvidas,

a passagem,

Sou viagem.

O dia desponta,

com ele a oportunidade,

de não ser quem fui,

de permanência,

de fluxos.

O paradoxo.

Mudo como as fases da lua,

mas que continua sendo que é,

em processo.

Sou a materialização de câncer,

com suas fases e dramas.

Sou escorpião,

que sente o pulsar.

Sou a mistura que se entrega,

que mergulha,

que desbrava.

Sou o sol que começa a iluminar meu quarto.

Sou o firmamento que vai se colorindo,

que muda a própria forma,

Suas cores, seus efeitos.

Estou processo,

Mudança,

Transição.