Suponha uma caverna habitada por seres que dela nunca saíram e na qual apenas uma fração de luz diária consiga adentrar. Amarrados uns aos outros, enxergam somente uma parede ao fundo.

Em frente à luz, outros se movem. Os habitantes da caverna nada podem ver além das sombras dos objetos projetadas ao fundo. Nada podem escutar, que não ecos das vozes lá fora.

Por nunca terem visto outra cousa, esses habitantes acreditam que as sombras projetadas são a única verdade, a própria a realidade. Confundem o eco das vozes escutadas, pensando serem emitidas pelas sombras.

No entanto, um dos moradores da caverna consegue escapar das correntes, volta-se à luz e começa a subir em direção à entrada. Com a visão ainda ofuscada, começa a se habituar a novas perspectivas.

As sombras, aos poucos, tornam-se algo irreal. Consegue enxergar a extremidade e as coisas em si, não mais só sombras. Vê a luz do sol e seu reflexo em todas as coisas. Sua realidade transmuta.

Ciente de que é preciso libertar-se das trevas e de que as trevas temem a luz, decide retornar para emancipar os irmãos dos grilhões da ignorância. Contudo, é recebido como louco. Seus amigos, acorrentados, acomodaram-se. Acreditam na verdade das sombras... Platão nunca foi tão atual.
Professora Ana Paula
Enviado por Professora Ana Paula em 04/11/2020
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