LEMBRAR DA MORTE PARA NÃO ESQUECER A VIDA
Durante a era vitoriana na Europa, foi popularizado a prática das fotografias post-mortem, as quais consistiam em fotografar pessoas já falecidas, pois naquela época uma simples fotografia era muito caro e a taxa de mortalidade muito alta, o que fazia com que muitas pessoas procurassem tirar uma foto de um familiar mesmo após morto para poder guardar como recordação. O costume permaneceu por muitos anos e chegou até nós, e não era incomum até poucas décadas atrás encontrarmos certos tipos de fotografias em porta-retratos nas casas de algumas pessoas. Pois bem, hoje isso pode parecer muito macabro para a nossa geração, e de fato não deixa de ser um pouco assustador, mas há uma valiosa reflexão que podemos tirar dessa época.
Há um ditado anônimo que diz que "Hoje em dia as crianças não nascem mais em couves, mas o velhos desaparecem entre as flores.", e o que isso quer dizer? Que agora, e cada vez mais, ao mesmo tempo em que a sexualidade deixa de ser tabu até mesmo para as crianças, a noção sobre a morte parece estar se tornando um novo tabu e sendo assim deixada de lado. Logo, a reflexão acerca da efemeridade da vida também aos poucos vai se esfacelando e isso contribui ainda mais para as pessoas na nossa sociedade se tornarem cada vez mais egocêntricas e materialistas, já que ficam com a impressão de que rostinhos bonitos serão eternos e bens materiais serão nossos para sempre no lugar do amor ao próximo e da alegria no viver, em cada olhar, cada abraço e cada sorriso em todos os momentos.
Assim, penso que seria interessante fazermos como nossos antepassados, olharmos mais para a morte, não com fotografias de entes falecidos (até porque hoje já não temos mais a necessidade disso), mas sim refletirmos, orar pelos que já partiram desta vida e termos a consciência de que somos pó e ao pó voltaremos. É bom lembrar da morte para não esquecer a vida.