A cidade que habita em mim

A cidade que se mantém viva, no calar da noite, não me deixa sucumbir. Mantém viva a esperança de que sempre haverá um depois, um após, um seguinte. Algo que mantenha aqueça as chamas que me constituem. Aliás, essa mesma cidade, que adormece em formas diferentes, me leva a pensar na diversidade que sou, no que verdadeiramente sou, no que trago comigo e que me distingue. Quais as possibilidades que me alicerçam? É noite e, às vezes, sinto frio, calor extremo, medo, paz, receio, coragem. Tenho à mim. Na calada da noite tenho à mim, com meus devaneios, crises, sínteses e construções. Não é fácil nos mantermos fiéis ao que acreditamos ser. Ao que expressamos aos outros, ao que internalizamos sobre nós. Não é fácil, mas é nossa fortaleza. Aceitar a coerência de sermos incoerentes.