Culpados por ação ou omissão
Transcrevo abaixo trecho de uma entrevista publicada pela Folha de São Paulo em 24.03.2003, que pode ser lida integralmente em https://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u62119.shtml.
“Folha de S.Paulo - Como tem sido o contato entre as Farc e o governo do Brasil?
Reyes - Agora, nenhum. Estamos muito interessados em um contato direto, porque as Farc têm como política estabelecer relações políticas com governos, para explicar a eles que temos uma política que consiste em não realizar operações militares fora do território colombiano.
Folha de S.Paulo - Qual é a sua avaliação do governo Lula?
Reyes - Tenho muita esperança em que o governo Lula se transforme num governo que tire o povo brasileiro da crise. Lula é um homem que vem do povo, nos alegramos muito quando ele ganhou. As Farc enviaram uma carta de felicitações. Até agora não recebemos resposta.
Folha de S.Paulo - Vocês têm buscado contato com o governo Lula?
Reyes - Estamos tentando estabelecer --ou restabelecer-- as mesmas relações que tínhamos antes, quando ele era apenas o candidato do PT à Presidência.
Folha de S.Paulo - O sr. conheceu Lula?
Reyes - Sim, não me recordo exatamente em que ano, foi em San Salvador, em um dos Foros de São Paulo.
Folha de S.Paulo - Houve uma conversa?
Reyes - Sim, ficamos encarregados de presidir o encontro. Desde então, nos encontramos em locais diferentes e mantivemos contato até recentemente. Quando ele se tornou presidente, não pudemos mais falar com ele.
Folha de S.Paulo - Qual foi a última vez que o sr. falou com ele?
Reyes - Não me lembro exatamente. Faz uns três anos.
Folha de S.Paulo - Fora do governo, quais são os contatos das Farc no Brasil?
Reyes - As Farc têm contatos não apenas no Brasil com distintas forças políticas e governos, partidos e movimentos sociais. Na época do presidente [Fernando Henrique] Cardoso, tínhamos uma delegação no Brasil.
Folha de S.Paulo - O sr. pode nomear as mais importantes?
Reyes - Bem, o PT, e, claro, dentro do PT há uma quantidade de forças; os sem-terra, os sem-teto, os estudantes, sindicalistas, intelectuais, sacerdotes, historiadores, jornalistas...
Folha de S.Paulo - Quais intelectuais?
Reyes - [O sociólogo] Emir Sader, frei Betto [assessor especial de Lula] e muitos outros.”
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia— Exército do Povo (FARC), ao contrário do que declarou o sr. Luís Inácio da Silva na época, não era (é) um “movimento político”, é um grupo criminoso, porque sequestrava, matava e fazia tráfico de drogas. O quê mais seria necessário par que elas fossem consideradas grupo criminos?
Luis Edgar Devia Silva, codinome Raúl Reyes, foi um guerrilheiro colombiano, porta-voz e assessor do Bloco do Sul das Farc. Foi morto em 01.03.2008 pelo exército colombiano.
A Constituição Brasileira tem como um de seus princípio que:
“Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Art. 5º -
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;”
As FARC não eram (são) baseadas em território brasileiro, mas os princípios constitucionais devem orientar todos os cidadãos que prezam os valores pátrios.
Portanto, sob a ótica desse princípio, esse grupo nunca poderia ser considerado por nenhum de nós brasileiros como “movimento político”.
Todos os brasileiros que investidos em cargos públicos, estado assim sob juramento de lealdade à Pátria, que se relacionaram “amigavelmente” com as FARC diretamente ou por intermédio do Foro de São Paulo, cometeram no mínimo, crime de traição e todos os cidadãos que também se relacionaram com elas ou apoiam e votam nesses políticos, são criminosos pelo princípio de “culpa por ação ou omissão".