"Poder Judiciário independente realmente e por completo ainda não temos no Brasil, lamentavelmente. O carreirismo o seduz e o corrói por dentro. A classe política se encarrega de fazer o resto como se tem observado nos dias em que vivemos.

Esperar transformação a partir de um PJ composto da vontade dos políticos tradicionais brasileiros, das livres nomeações, do "quinto constitucional", dos ativismos ideológicos, do fisiologismo e da falta de meritocracia interna é quimera.

Todo juiz de carreira já experimentou algum drama pessoal nesse cenário de preterições emulativas, vaidosas e não raro prepotentes, fenômeno que amesquinha e faz definhar talentos. Não vai acontecer. Simples assim. 

O Poder Judiciário brasileiro reflete o tropicalismo de nosso sistema político e o poder dos juízes, salvo exceções muitíssimo raras e acidentais, não passa de um poder medíocre, pois só comumente funciona quando inofensivo aos interesses dominantes em nossa sociedade autoritária, metajurídica e alopoiética.

Nela, o que está positivado não prevalece, pois a lógica que funciona é a da "supremacia dos interesses". Ai dos que se posicionarem contra os seus subsistemas de ocasião! Serão hostilizados.

Em 39 anos de judicatura, ao fim, não vi mudar esse cenário. Sigo pessimista sobre as possibilidades do Brasil, mas em Deus e na Virgem da Conceição Aparecida eu deposito toda a minha Fé e creio, assim como o ar que eu respiro!"


 
Roberto Wanderley Nogueira
Enviado por Professora Ana Paula em 24/10/2020
Reeditado em 24/10/2020
Código do texto: T7094888
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