O mundo de mim.
Eu quero conhecer o mundo. Não o mundo dos outros, mas o meu. Quero conhecer todas as versões de mim, todos os confins metafísicos da minha alma universal.
Talvez essa vontade seja horrível porque me destrói, talvez seja boa porque me torna sensível. Sou somente o que não entendo.
Viajo por entre as cores palpáveis dos meus sonhos, escrevo as paredes pintadas e flácidas do meu querer. Sou contente por existir em mim.
Minha ranhura de consciência de mim, meu corpo sem sentido. Não sou nada; estou em todos. Existo por mim e a minha ideia de mim não existe... Não existe porque não sei o que sou. Só sei de uma coisa, seja lá o que a vida fez de mim ou o que eu sou por metafisica incompreensível, estou feliz por ser.
Me sinto parte deste texto. Sou este texto. Sou. Tenho. Estou.
Que texto incompreensível! Lógica infindável de mim! Esquecimento sereno das coisas que fui! Configuração de alma porca!
Nada! Nada! Nada! Palavras não significam nada! Nunca me expressarei como quero porque as palavras não tem sentido. Nunca saberei o que sou. A única forma de saber isto é pelas palavras, mas elas não me dizem nada. Nada!
Mas por que tentar entender-me? Logo eu que não tenho nada, não sou dono de nada e nem tenho rumo na vida? Logo eu, ser infinitamente inútil? Logo eu que tenho e sou somente eu?
Gregos insensatos! Não importa saber de mim, nunca conhecerei nem o universo nem os deuses. Nunca descobrirei a verdade das coisas porque ela não existe e, se existisse, não teria porque sabê-la. A única graça da vida é tentar descobrir.
De um viajante,
Pedro Lino.
Ps: este texto não tem lógica, é feito de palavras.