AVISO AOS PASSAGEIROS

Aprendi muito nos últimos anos. Descobri que, uma visão errada sobre seu parceiro, compromete o todo. Quando estou começando a me relacionar, ou se preferir, me apaixonar, cometo um erro: O de limitar a minha visão. Os sinais são como placas de advertência, “limite de velocidade” , “obras adiante”, “neblina”, “animais na pista” etc..Se eu agisse no amor, como no volante do carro, eu entenderia que desconheço aquela estrada e que um pouco de sensatez me faria muito bem.

Mas, saio a 150 km por hora, como se o destino final fosse algo certo e concreto, mas não é bem assim. Embora queira, a estrada não permite certos abusos, e aí que começam as avarias na suspensão. Um buraco estoura um pneu, compromete pivôs e bandejas, e quando percebo, o carro já não sai mais do lugar.

O interessante é que já viajei algumas outras vezes, ou seja, não sou um novato! Mas, o “Airton Senna” de cada um, nos convence exatamente o contrário. Acho sempre que a estrada anterior era pior que a atual, e assim será até o final dos meus tempos.

Apaixonar-se, pra mim, é se jogar no vazio. Contudo, ouçam um conselho: Não funciona assim. Você deve manter a sua sanidade e personalidade, pois ao perdê-las, você será sedado e engolido, e quando despertar, estará sendo digerido em algum estômago por aí.

No jogo da sobrevivência não existe predador ou vítima, a ideia e manter-se vivo.

O aspecto positivo deste transe é , que por um tempo, você crê que sua vida é real, quase maravilhosa. Nesta faae, como se estivesse entorpecido por alguma substância alucinógena, você se alimenta dos “eu te amo”, “minha vida”, e outros jargões clichês, e, quase tem a certeza de que está valendo a pena. Mas, durante este período, você não valoriza as placas amarelas, aquelas de advertência, que indicam o futuro próximo. Ao surgirem as vermelhas, por azar, sua vista já estará comprometida e impedida de ler com precisão o que está por vir.

Como não poderia deixar de ser, por estar entorpecido ou hipnotizado no momento da colisão, você é pego totalmente de surpresa, e aí começa a se justificar com seus passageiros, que já vinham lhe avisando que havia algo errado à frente.

A única dúvida que tenho é: Consigo não ser assim? e, supondo que conseguisse, Isso me completaria? Talvez tudo seja apenas um prato simples, mas que alimenta. Contudo, prefiro seguir acreditando que se trata da refeição dos meus sonhos, o que sempre me levará a outra congestão.

RRSabioni
Enviado por RRSabioni em 19/10/2020
Reeditado em 19/10/2020
Código do texto: T7090982
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