Deixar ir
Até semana passada, eu não tinha a menor ideia de que tu ainda estava tão presente em mim. Sabe, se a minha melhor amiga não tivesse me perguntando como eu estava com a tua ausência, juro que não lembraria mais de ti. Mas foi só ela falar teu nome, que a represa que eu não sabia que existia em mim, se rompeu e eu desabei em lágrimas que não acabavam mais.
Eu nunca choro na frente dela. Ou de ninguém.
Eu nunca desmorono.
Eu sempre olho para frente e não deixo que nada tire a minha paz de espírito, mesmo que eu esteja muito abalada.
Mas contigo eu não consigo.
O que tu fez comigo?
É um aperto que sinto no peito, como se um buraco tivesse se aberto em meu coração. É uma dor que levo comigo para onde vou, nas 24 horas do dia. Me pergunto: em que momento o muro em que ficava escondido meus sentimentos desmoronou e eu não consigo mais ser pessoa racional que eu costumava ser? Foi quando segurou a minha mão sem aviso? Na companhia silenciosa até o portão da minha casa? Ou foi na tua ausência em que eu não soube colocar o sentimento em seu devido lugar?
Eu sou boa em muitas coisas: faço um bolo de cenoura com calda de chocolate delicioso, leio cinquenta páginas de um livro em poucas horas, sou uma boa ouvinte e sei fazer o melhor cafuné.
Mas contigo eu não consigo ser boa em te deixar ir.
Que droga! Eu preciso que você vá, mas não consigo te deixar ir.
O que tu fez comigo?
E, por mais profundo que isso que sinto seja, está me matando aos pouquinhos.
Não posso deixar.