SAUDADES DE CASA

Já senti saudades de muitas coisas, de muitas pessoas nesse meu recanto... saudade quente... saudade aguda... e por aí vai e por aí eu fui. Algumas saudades gostosas como as que a gente sabe que vai matar e outras dolorosas como as que sabemos que estão matando a gente. Saudade que nos remete a saudar e saudade que nos remete à sal... Hoje acordei com saudades de casa. Daquele lugar lindo onde tenho a minha privacidade preservada enquanto converso com o Universo, enquanto desfruto da minha mãe, a natureza. Nas janelas não existem grades e nem os pássaros que cantam, conhecem as gaiolas. As borboletas brincam com as flores e o sol nutre minha pele alva sem agredi-la. O som não é de dispositivos eletrônicos e tão pouco altos e desrespeitosos, o silêncio é o próprio som. À noite a lua reina majestosa num céu que ela sabe que é só dela, mas que faz questão de compartilhar com os astros e de lá nos oferece o seu melhor espetáculo. Não é teatro, não é ópera, não é encenação. É a realidade, é a vida existindo e compartilhando conosco o seu dom. Dona vida, dona de mim... Quanta saudade de você. Espero um dia retornar como o filho pródigo, espero ser bem aceita e espero voltar a ser feliz junto de ti. Me acolha, me receba de volta, torna-me livre novamente. Vou esperar por sua resposta, existe no meu coração a esperança de que as paredes ruirão. E sonho com o dia em que, baixando toda a nociva poeira, eu estarei longe. Estarei de volta em minha casa, seja lá onde ela estiver... Te aguardo... te espero... saudades...