A Conexão Entre Nós
Fazemos parte de diferentes grupos desde que nascemos, aliás, somos considerados seres gregários, isto é, que necessitam da vida em grupo, do coletivo, da socialização para viver e sobreviver. E não é muito difícil de compreender essa questão, o que seria de nós enquanto bebês sem os nossos pais? Ou como passaríamos pela infância, chegaríamos à adolescência e nos tornaríamos adultos sem o respaldo de nossos familiares, do grupo escolar e de trabalho dos quais participamos? Precisamos do conjunto em diferentes momentos da nossa história, seja para nos desenvolvermos, para adquirirmos aprendizados ou para, simplesmente, termos o prazer de horas de diversão. Mas há um grupo maior do qual participamos e não nos importamos tanto quanto deveríamos, um grupo que é influenciado por nossas ações e que também influencia a nossa existência, um grupo cujo fracasso ou sucesso é de nossa total responsabilidade. Esse é o grupo humano, da grande humanidade, a população global com bilhões de membros, de indivíduos, de particularidades, sonhos e dores. Um grupo do qual jamais poderemos nos separar. Um grupo sobre o qual somos todos corresponsáveis.
Isso implica dizer que a angústia do outro é a minha angústia, que a conquista do outro pode também ser a minha, que a lágrima do outro pode me atingir e que o sorriso do outro por mim pode ser incentivado. Estamos todos juntos nesse enorme grupo. Será impossível conhecermos a todos, mas há uma verdade, todos estamos contidos em todos, compartilhamos da mesma essência, a essência humana, aquela que nos faz reconhecer um semblante de alegria, que nos faz sentir dor por uma face de tristeza, ou que ao menos assim deveria ser.
Estamos nos desconectando desse grupo, estamos nos perdendo de nossa humanidade por sermos egoístas, por sermos egocêntricos, por sermos intolerantes e arrogantes. A dor do outro só é nossa dor se ele for como nós, se ele pensar o que nós pensamos, se ele disser o que nós queremos ouvir. Só reconheço a humanidade do outro se ele for capaz de refletir o meu rosto no seu. Percebe o quanto estamos nos distanciando de nossa união? Mas se essa conexão se romper acaba qualquer possibilidade de sucesso, se sucumbirmos a um mundo de individualidades não teremos a menor chance de sobreviver, porque passaremos a adotar uma máxima já muito propagada, passaremos a entender as coisas com o pensamento de “cada um por si”, cada um olhará para os seus próprios interesses, para a sua própria fome e não se importará com as necessidades alheias.
Precisamos reassumir nossa essência. Precisamos nos reaproximar da nossa humanidade e entender que somos, sim, iguais. Temos vontades, temos visões, temos singularidades. Nossa maior igualdade é sermos diferentes uns dos outros, é termos cada um a sua própria história a viver. E daí que convergiremos nos pensamentos? E daí que nos distanciaremos na forma como vivemos nossas vidas? Não queremos todos a mesma coisa? Não queremos apenas ter motivos para sorrir e continuar sonhando? Para quê se importar com questões pequenas causando sangramentos e lamentos ao passo que poderíamos conceder ao nosso próximo razões o bastante para acreditar que é especial e que sua vida merecesse ser vivida? Não podemos achar que a vida deve ter a nossa concepção. Ela aceita diferentes concepções. Talvez todas estejam erradas. Talvez todas estejam certas. Talvez nem precisem existir. Apenas uma coisa importa: que possamos coexistir e nos corresponsabilizar pela realidade melhor que dizemos querer.
(Texto de @Amilton.Jnior)