PENSAMENTOS SOBRE A ASCENSÃO DOS GÊNEROS ONLINE*
Pode-se dizer que as transformações pelas quais os gêneros do discurso passam são ininterruptas. Ao longo da história humana, certamente, incontáveis gêneros surgiram e transmutaram-se, tendo boa parte deles caído em desuso.
Será este o destino dos formatos impressos de texto? Serem descontinuados? E, assim, os gêneros escritos se transferirem definitivamente para o mundo virtual, reproduzindo-se exclusivamente ali? É muito difícil não notar uma grande mudança acontecendo no nosso planeta: a digitalização. O desenvolvimento de tecnologias e a ampliação do acesso a elas vai informatizando estruturas e atividades, modificando a vida das pessoas de modo consideravelmente veloz.
E tais mudanças são, fundamentalmente, positivas? Sem dúvida, esta pergunta tem capacidade para gerar múltiplos debates. Mas não há quem negue que pontos positivos nesse fenômeno existam. Talvez um dos mais evidentes seja a contribuição no sentido de agilizar, facilitar e democratizar a comunicação. Através da internet, um indivíduo comum pode veicular uma mensagem que atingirá, em poucas horas, centenas ou milhares de pessoas. Isso tudo sem precisar sair de onde está, nem precisar reunir presencialmente esse público e com custo, praticamente, zero. Da mesma maneira, notícias espalham-se ainda mais rapidamente. Por outro lado, infelizmente, assim como mensagens úteis e informação circulam, hoje, de forma acelerada, mensagens nocivas e desinformação também. Os gêneros online possuem sua parcela de responsabilidade nisso.
Outro ponto complicado, penso eu, relaciona-se aos direitos autorais. Como conter a distribuição não autorizada de uma determinada obra textual, considerando a facilidade de se piratear atualmente? E, se essa prática não puder ser coibida, não estará ela ameaçando o estímulo do trabalho do escritor e demais profissionais afins?
Portanto, diferentes ambiguidades encontram-se na digitalização e na ascensão dos gêneros online. Caberá a nós ir descobrindo os melhores jeitos de lidar com esses processos. Se os formatos impressos desaparecerão completamente, acredito que só o tempo revelará. Gostaria bastante que não.
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*Texto escrito para a disciplina "Oficina de Texto: Introdução aos Gêneros Acadêmicos" do curso de Letras.
Outubro de 2020.