Eu sem dono
Um texto qualquer - Sem classificação
Existe em mim, uma satisfação indecifrável em nunca ter razão.
Não acredito em outras vidas, mas sou do signo de leão,
contradizendo tudo, não costumo ter orgulho de nada, não discuto
futebol, política, religião não por omissão... Repito: Não gosto
de ter razão. Não quero, pois nasci para ser só poesia e emoção.
A minha lua é sempre a mais cheia, quando ela aparece,
o meu céu é sempre o mais límpido, tem a magia dum amor
que por uma vida inteira, ela sempre vem e me enlouquece.
*
O meu mar está sempre lindo, ele é o mais azul, e o céu que
nele encosta no horizonte, é o mais vivo, o verde do meu jardim
é sempre o mais bonito... O vento sempre balança as palhas
do meu coqueiro, tudo isso é próprio aos olhos de sonhos
dessa alma que vive no mundo do eu sem dono, que existe dentro
de mim. Gosto da janela aberta de noite ao dormir, de frente para
o céu, para olhar a festa das nuvens que nunca voltam, de repente
você olha, e elas já não estão. Em meus sonhos de toda noite
em lindas paisagens elas se transformarão.
*
Quando escrevo, não quero por perto nada que me incomode,
não quero rascunhos, vozes, música... Não. Sou só eu, a ilusão
e os meus pensamentos. Sou só como a lua, sou quieta, o que
quebra o meu silêncio, são as rajadas dos ventos. Não quero
público, aplausos, confetes ou purpurina, sem brilho vivo nesse
mundo sem dono, como eu.
*
Nessas horas me estranho, sou de outrora, não combino com a
hipocrisia atual, não sei nada, não sou a dona da verdade.
As minhas expressões são egoístas até... Não sou feita de opinião.
Sou de verdade, não finjo ser o que não sou, sou humilde, gosto
de escrever muito, não simplifico, ao inflar o meu peito, não tenho
nada à dizer do outro, só desejo que como eu, seja feliz,
viva num mundo de ilusão, seja tolo e exagerado, faça poemas
debaixo do sol mais bonito! Que brilhe, tanto quanto o meu.
*
O que afeta a minha sensibilidade, não é o que afeta toda
gente... Tenho gosto diferenciado, degusto o sabor de cada fruta,
o café doce, o café forte preto amargo. As pessoas,
não tenho gosto em ofender, mas sem machucar, costumo
me defender. Sou tola, mas não sou besta, sou atrevida, aprendi
desde menina, a me defender, tenho herança do cativeiro,
arrasto correntes.