Amor: uma rosa ou um cacto?
Por que exigimos sempre algo a mais, sentimentos que vão além e pessoas que estejam dispostas a nos surpreender a todo instante...
Exige se um amor de cinema, romances impossíveis, lutas constantes e juras eternas.
Valorizamos malabarismos de sentimentos, desejamos os amores impossíveis, ou aqueles repletos de efeitos especiais...
Então, me questiono, onde está o amor simples, doce, meigo, gentil e sensível?
Onde se escondeu a magia dos sentimentos? A sutileza do bom dia, a doçura de um sorriso, o aroma do perfume deixado nos lençóis?
Perdemos a capacidade de percebê-lo nas mais simples ações?
Será justo desprezar uma rosa ao admirarmos milhares de pétalas atiradas de um helicóptero? Um cartão perde seu encanto quando lemos laudas e laudas de “Eu te amo”.
O amor se faz na quantidade, nas ações visíveis, na emoção, nas loucuras, nas demonstrações públicas? Acredito que sim... Mas, e a beleza do cotidiano?
Não sejamos favoráveis ao desmatamento de inúmeras rosas para apreciar um sentimento. Seja capaz de apreciá-lo em todas as fases...
Por que sempre o comparamos as mais belas flores?
COMPAREMOS O AMOR A UM CACTO.
Que tenhas vida, apesar das intempéries da natureza humana,
Que seus espinhos sejam lembrados como uma estratégia de afastar seus predadores,
Que sua aparência não ofusque o brilho de sua beleza,
Que resista a dor da saudade, a dor da partida,
Que seu tamanho não possa ser mensurado pela sua estrutura física,
Que desabroche em solos áridos, onde outros amores já se foram.
Que ele dure, perdure, resista...