Amor: uma rosa ou um cacto?

Por que exigimos sempre algo a mais, sentimentos que vão além e pessoas que estejam dispostas a nos surpreender a todo instante...

Exige se um amor de cinema, romances impossíveis, lutas constantes e juras eternas.

Valorizamos malabarismos de sentimentos, desejamos os amores impossíveis, ou aqueles repletos de efeitos especiais...

Então, me questiono, onde está o amor simples, doce, meigo, gentil e sensível?

Onde se escondeu a magia dos sentimentos? A sutileza do bom dia, a doçura de um sorriso, o aroma do perfume deixado nos lençóis?

Perdemos a capacidade de percebê-lo nas mais simples ações?

Será justo desprezar uma rosa ao admirarmos milhares de pétalas atiradas de um helicóptero? Um cartão perde seu encanto quando lemos laudas e laudas de “Eu te amo”.

O amor se faz na quantidade, nas ações visíveis, na emoção, nas loucuras, nas demonstrações públicas? Acredito que sim... Mas, e a beleza do cotidiano?

Não sejamos favoráveis ao desmatamento de inúmeras rosas para apreciar um sentimento. Seja capaz de apreciá-lo em todas as fases...

Por que sempre o comparamos as mais belas flores?

COMPAREMOS O AMOR A UM CACTO.

Que tenhas vida, apesar das intempéries da natureza humana,

Que seus espinhos sejam lembrados como uma estratégia de afastar seus predadores,

Que sua aparência não ofusque o brilho de sua beleza,

Que resista a dor da saudade, a dor da partida,

Que seu tamanho não possa ser mensurado pela sua estrutura física,

Que desabroche em solos áridos, onde outros amores já se foram.

Que ele dure, perdure, resista...

Jaque Melo
Enviado por Jaque Melo em 24/10/2007
Reeditado em 20/11/2008
Código do texto: T707404
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