O pulo do gato
Quando você é pequeno tudo que sua mãe fala, soam aos seus ouvidos como a mais pura verdade, sua mãe já tem uma bagagem, a dela, você é uma folha em branco, sendo escrita a cada encontro, a cada partida, com o outro, somos feitos de tantos outros, com uns, nos identificamos e morremos de amores, com outros sentimos aversão, ou uma repulsa, que de certo tem uma explicação. Mas o pulo do gato eu dei na faculdade, a aula era de Língua portuguesa, minha professora falava de tudo, menos do que era pra falar... mas precisamente sobre política, e eu me revoltava, me mexia na cadeira querendo levantar-me e ir embora, afinal de contas queria aprender sobre à história das línguas, gritava forte no meu pensamento:
- ai ai, se eu quisesse saber de política certamente iria me matricular nas disciplinas de política...
Era impressionante como ela falava da verdade absoluta dela!!!, ela falava com tanta crença numa verdade que me fazia refletir sobre minhas verdades, que ainda, nem sabiam que eram as “minhas verdades absolutas”...
Então um belo dia, ela falou:
- não existe verdade absoluta! Pasmem.., pra mim por instantes, o mundo parou de girar ali, e ela continuou....
- certamente nenhuma ideia é nova, tudo é uma ideia de uma outra ideia, o que você, ou um pensador, filosofo já pensou, certamente já foi pensado anteriormente...
Concordei absurdamente com ela, depois deste dia suas aulas ficaram mais interessantes, percebi que a minha verdade não era a absoluta, e que nem tão pouco a verdade dela era a absoluta, mas, que cada uma acreditava naquilo que fazia sentido dentro de sua própria bagagem, e poder perceber este pulo do gato foi tranquilizador, para entender que está tudo bem, você pensar diferente de mim, e lutar por coisas distintas das minhas, afinal cada um, é um mundo, ao qual, aprendeu, sentiu, e percebeu as coisas de formas diferentes, não existindo uma verdade absoluta, nem que se sobrepõe a outra, mas existindo a sua verdade.
E você, já deu o pulo do gato?