Ela
ela tem um grito preso na garganta, completamente ansioso, que não sabe como deixar sair. ela tem se desmontado e feito inteira durante silêncios e palavras que não cessam da sua memória. ela, de interior berrante, abre sorrisos estridentes mas há anzóis nos cantos da boca que os forçam e escondem sua dor até de si mesma ainda que ela se tenha, mas de refém. dona das próprias amarras que a sufocam e privam de ser seu próprio amor. ela é vítima de seu pior abandono, esqueceu-se de si. ela é fria mas gelo também queima, assim como ela, por dentro. ela tinha potencial de ser uma fera indomável mas decidiu se enjaular, em si. dona de um fogo que não podia ser apagado e de tanto esconder-se apagou. mas, imperceptivelmente, arde como uma pequena fagulha e ela é a faísca que vai acender a chama e incendiar sua vida pra recomeçar ou acabar de vez.
ela,
sou eu.