Paranoia

Ventos gelados que sopram do vazio

E defenestram a fumaça de seus cigarros

Atraem criaturas que valsam em seus medos

Lançadas à deriva de uma noite paranoica.

Você sabe que sempre que subimos nos afastamos,

Do conforto do chão que não destroça quando colados a ele andamos

Mas não quando mergulhamos em nossa própria fossa?

Tape os ouvidos

Corra em direção ao abrigo que te consola

Deserte-se das lutas que até então batalhava

Como se importasse se há alguém que a controla;

O firmamento se esvai agora te isola

Assim como desfazemo-nos um por um

Numa poeira para os corvos que choram

Somos o que senão besteira?

Somos qualquer coisa que se salva?

Ou somente lembranças que agora se perdem?

Jogadas aos ventos que nos sopram

Fantasmas de um ciclo vicioso

Que não nos solta.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 23/09/2020
Código do texto: T7070663
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