O grito escrito

Lia Rowlands

22 de setembro de 2019 ·

...uma alma também fica ensanguentada...e grita sua dor...

...se machuca quando os punhais afiados da injustiça nos fere fundo...

...tantas pessoas que chegam e poucas se mostram reencontros...

...sintonia perfeita... entrega absoluta das emoções...

...abandonamos a realidade pra viver esse sentimento...

...aquilo se torna refúgio e calmaria no tumulto do cotidiano...

...buscamos tanto o que se sente aqui... e nos perdemos...

...muitas vezes de nós mesmos... das nossas crenças...

...saímos daquilo que nos parece muito com a infelicidade...

...e mergulhamos em apnéia naquilo que acreditamos ser vida...

...pulsando e vibrando em cada pequeno diálogo...

...as palavras tecidas com jeito de carinho... com cheiro de verdade...

...acreditamos... depositamos naquelas sensações nosso querer...

...queremos tanto encontrar o que não é possível imaginar...

...e de repente...sem aviso... vem o desmoronamento dos sonhos...

...as projeções que fizemos se dissolvem na dura jornada real...

...rotineiramente estamos nos iludindo...

...pelas linhas insinuantes que nos cercam...

...becos sem saída... esquinas tortas...

...e todas as sensações que nos traz estar alí...com aquele alguém...

...acreditamos que somos especiais... queremos acreditar...

...fantasiando uma realidade inventada...

...programada pra ser satisfatória...

...luta inglória...

... a dor é o volume mais alto do silêncio ...

...porque sabemos bem la dentro...que era só ilusão...

...ingênuas parcelas de nós se jogam...

...se atirando no abismo irreal...do que julgamos ser surreal...

...e no meio do caminho descobrimos...

...que não se pode voar sem asas...

...expurgue as dores vertidas em linhas do que teu escrever...

...não importa se vão ler... ou entender...

...apenas escreva por você e pra você...

... a caminhada nesse mundo paralelo é cheia de pedras e buracos...

...precisamos de uma mão onde se segurar...

...de uma dose de realismo cavalar...

...encontramos atalhos ilusórios...

...chegamos à ruína cheia de escombros dos sonhos...

...e só então percebemos que nos abandonamos...

...não há nada que nos faça retornar...

...as portas se fecharam atrás de nós...

...estamos sós...

...ultrapassamos os limites do pensar...

...e só conseguimos ouvir...sentir...

...o grito das nossas almas perdidas...

...infinitamente sofridas...

...só então compreendemos que é preciso parar de se machucar...

...e voltar a caminhar...

L!@

#entrereticências sobre o grito do silêncio que há em cada um de nós...

Lia Rowlands
Enviado por Lia Rowlands em 22/09/2020
Código do texto: T7069530
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